A reforma administrativa, cujas linhas gerais serão encaminhadas nesta quinta-feira (03/09) ao Congresso, vai reduzir — e muito — os salários iniciais de futuros servidores. Há o entendimento, dentro do governo, de que é impossível que um funcionário público ganhe, em média, 90% acima de um trabalhador da iniciativa privada exercendo as mesmas funções.
Esse detalhamento, no entanto, não será explicitado num primeiro momento, para não motivar embates maiores do que o esperado no Congresso. “Tudo será feito em etapas. Sabemos que os servidores já se prepararam para tentar tudo o que puderem no Legislativo a fim de barrarem a reforma”, afirma um técnico da equipe econômica.
Hoje, a diferença salarial entre quem está no início e quem está no final de carreira é de cerca de 10%. “Isso inviabilizar um sistema de promoções justo no serviço público. Queremos uma progressão das carreiras, de forma que apenas quem realmente mereça vá galgando postos melhores”, acrescenta o mesmo técnico.
O Ministério da Economia garante que tudo será feito de forma clara, para que haja um sistema de salário mais justo. Serão formados comitês para definir as melhores regras a serem seguidas. Também haverá brechas para cortes de salários em caso de problemas fiscais. O governo, no entanto, sabe que esse será um dos pontos de maior embate no Congresso.
Entre os técnicos da equipe econômica, a confiança é grande em relação ao avanço da reforma administrativa. Para eles, uma das principais barreiras foi superada: o presidente Jair Bolsonaro, que havia mandado engavetar as propostas, o que pesou para a saída de Paulo Uebel do Ministério da Economia.
“O debate no Congresso será duro. Mas, depois da reforma da Previdência, há um amadurecimento da sociedade para que temas como o ajuste na administração pública, que custa caro e é ineficiente, vá adiante”, destaca outro técnico.