A peregrinação de quem depende da perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continua. É que, mesmo marcando o atendimento pelo site ou por telefone, quem precisa do serviço e foi até uma das duas agências que reabriram em Belo Horizonte nesta sexta-feira (18) perdeu a viagem.
Foi o caso do motorista de ônibus Carlos Augusto Silva de Ávila, de 44 anos, que sofre de enfisema pulmonar e apneia do sono e, desde março deste ano, está afastado da empresa onde trabalha há cinco anos. Ele acumula atestados médicos que comprovam sua condição, mas sem o laudo do INSS, perdeu sua única fonte de renda.
“Liguei e me disseram que ia abrir, o problema é que chega lá e os médicos peritos não estão trabalhando. Inclusive hoje eu estive lá, marcaram às 7h e os peritos não foram trabalhar. Mais uma vez eu gastei o que não tenho para poder ir e dar com a cara no muro”, contou Carlos à reportagem do Estado de Minas.
"Hoje eu estive lá [no INSS], marcaram às 7h e os peritos não foram trabalhar. Mais uma vez eu gastei o que não tenho para poder ir e dar com a cara no muro"
Carlos Augusto Ávila, que sofre de enfisema pulmonar
Fechadas por quase seis meses, 169 das 1.110 agências do INSS espalhadas por todo o Brasil reabriram na última quarta-feira (16), duas delas em Belo Horizonte: no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte, e na Rua dos Guaicurus, no Centro da cidade.
Para quem aguardava pelo atendimento, a expectativa da volta do serviço trouxe um breve alívio, que foi preenchido pelo desapontamento causado pelo impasse envolvendo médicos peritos — que alegam que o INSS ‘adulterou’ o checklist de obrigações para a retomada dos trabalhos durante a pandemia — e o INSS — que garante que as unidades foram vistoriadas e estão aptas a executar as tarefas — o que continua travando o acesso ao benefício.
Governo ameaça punir médicos peritos que não voltarem ao trabalho
Para quem aguardava pelo atendimento, a expectativa da volta do serviço trouxe um breve alívio, que foi preenchido pelo desapontamento causado pelo impasse envolvendo médicos peritos — que alegam que o INSS ‘adulterou’ o checklist de obrigações para a retomada dos trabalhos durante a pandemia — e o INSS — que garante que as unidades foram vistoriadas e estão aptas a executar as tarefas — o que continua travando o acesso ao benefício.
Governo ameaça punir médicos peritos que não voltarem ao trabalho
Quem, como Carlos, procura o serviço pelos canais de atendimento ou presencialmente tem como resposta a desinformação. “A médica do trabalho me afastou e eu tenho o atestado dela. Já fui três vezes ao INSS, mas simplesmente fechou as portas e eu não tive a quem recorrer. Não tem informação alguma de quando vão voltar a trabalhar nem nada. Só me falaram que não tem previsão. Estou sem renda, com dívidas. Nem trabalho e nem recebo do INSS” relata.
A reportagem entrou em contato com o INSS, que afirmou em nota que desde o início do atendimento remoto concluiu 2,011 milhões de requerimentos de antecipação do auxílio-doença. “Desse total, 876 mil antecipações foram deferidas”. Mas, 367 mil brasileiros permanecem com as solicitações de antecipação do auxílio-doença pendentes.
A nota argumenta ainda que a maior parte destas solicitações sem decisão “se deve a questões administrativas relacionadas a equívocos na prestação das informações por parte do segurado”. O órgão não revelou o recorte desses números no estado de Minas Gerais.
A nota argumenta ainda que a maior parte destas solicitações sem decisão “se deve a questões administrativas relacionadas a equívocos na prestação das informações por parte do segurado”. O órgão não revelou o recorte desses números no estado de Minas Gerais.