Produtores brasileiros conquistaram medalhas em uma das maiores e mais importantes competições de vinhos do mundo, a Decanter World Wine Awards. Neste ano, o concurso avaliou 16.518 rótulos e elegeu os 50 melhores – entre os premiados, estão 12 vinhos produzidos no Brasil, incluíndo cidades do Sul de Minas e de São Paulo.
Desse número, 11 foram fabricados a partir da técnica de dupla poda, desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
O início da produção de vinhos finos no Sudeste do Brasil contou com a ajuda do trabalho realizado pela Epamig. Há cerca de 20 anos, no município de Caldas, Sul de Minas, o Núcleo Tecnológico de Uva e Vinho da Epamig implantou a tecnologia da dupla poda.
Com isso, hoje a região produz uvas sadias, de maturação plena, com mais aroma e concentração de cor, o que contribui para a qualidade dos vinhos desenvolvidos.
Desse número, 11 foram fabricados a partir da técnica de dupla poda, desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
O início da produção de vinhos finos no Sudeste do Brasil contou com a ajuda do trabalho realizado pela Epamig. Há cerca de 20 anos, no município de Caldas, Sul de Minas, o Núcleo Tecnológico de Uva e Vinho da Epamig implantou a tecnologia da dupla poda.
Com isso, hoje a região produz uvas sadias, de maturação plena, com mais aroma e concentração de cor, o que contribui para a qualidade dos vinhos desenvolvidos.
Na dupla poda, há a inversão do ciclo produtivo da videira, transferindo para o inverno o período de colheita das uvas destinadas à produção de vinhos. “O método consiste, ainda, na realização de duas podas, uma de formação dos ramos, em agosto, e outra de produção, em janeiro”, destaca o ex-pesquisador da Epamig, Murillo de Albuquerque Regina, responsável por desenvolver a ideia no Brasil.
Como foi o concurso
A premiação internacional, que está em sua 17ª edição, é organizada pela revista inglesa Decanter, uma das mais respeitadas publicações sobre o tema.
Duranter 28 dias consecutivos, 116 dos maiores especialistas em vinhos do mundo provaram às cegas os 16.518 rótulos, sob protocolos de segurança para a evitar a contaminação pela COVID-19.
O julgamento ocorreu em Londres, na Inglaterra. Dois vinhos brasileiros foram premiados com medalhas de prata, das vinícolas Ferreira e Góes, e outros 10 foram medalhistas de bronze.
Para Dormovil Ferreira, da Vinícola Ferreira, situada em Piranguçu, no Sul de Minas, os vinhos produzidos na região têm muito mercado para ser explorado: "Ainda existem barreiras e preconceitos contra vinhos nacionais por parte de consumidores e donos de restaurantes. Nossa missão é provar que, cada vez mais, podemos criar vinhos de qualidade e, o mais importante, aprimorar e aumentar a qualidade de nossos vinhos".
O enólogo Fábio Góes, faz parte da quarta geração de uma família que há 82 anos produz vinhos. A vinícola, que leva o nome da família, fica em Canguera, São Paulo, e na última edição do Decanter recebeu uma medalha de recomendação. Desta vez, levou a medalha de prata.
"Temos uma visão positiva do mercado diante de tantas premiações. A técnica da dupla poda veio pra ficar. Os consumidores estão cada vez mais à procura de novos estilos de vinhos, o que nos dá uma excelente perspectiva de mercado", destaca.
Demanda promissora
Guto Carbonari é sócio da Villa Santa Maria, localizada na Região do Vale do Baú, São Paulo, que foi premiada com medalha de bronze neste ano. Ele conta que dedicou cinco anos para pesquisas de vinificação das uvas plantadas em sua propriedade.
Em 2010, a empresa começou a produzir vinhos, ainda em pequenas quantidades. Hoje, conta com uma fazenda de 85 hectares e 60 mil plantas de sete variedades de uvas diferentes.
"Em termos financeiros, o mercado é promissor. Nossos vinhos têm um valor agregado muito bom, o que nos dá uma folga para assegurar os investimentos que um vinho de alta qualidade precisa. Temos um controle atento da nossa produção, e isso nos dá um retorno financeiro que permite manter essa qualidade. O investimento tem que ser contínuo", pontua Carbonari.
O empresário Júnior Porto, da Luiz Porto Vinhos Finos, no Sul de Minas, acredita que a tendência nos próximos anos seja de aumento da demanda nacional por vinhos provenientes da dupla poda.
Por esse motivo, pretende expandir seu parreiral para se tornar mais competitivo dentro do cenário enológico brasileiro: "Minha visão sobre o mercado de vinhos no sudeste brasileiro é de um polo que revolucionou a qualidade dos vinhos no país, principalmente no que diz respeito aos tintos. Temos uma condição climática muito favorável no inverno, o que nos faz ser um ponto de referência no cenário mundial. A premiação mais recente no Decanter é prova disso".
Por esse motivo, pretende expandir seu parreiral para se tornar mais competitivo dentro do cenário enológico brasileiro: "Minha visão sobre o mercado de vinhos no sudeste brasileiro é de um polo que revolucionou a qualidade dos vinhos no país, principalmente no que diz respeito aos tintos. Temos uma condição climática muito favorável no inverno, o que nos faz ser um ponto de referência no cenário mundial. A premiação mais recente no Decanter é prova disso".
Desafios no mercado
Guilherme Bernardes Filho, sócio proprietário da Vinícola Bárbara Eliodora, que fica no Sul de Minas, teve um rótulo premiado com a medalha de bronze, que faz parte da primeira safra comercial da empresa. Ele pontua os desafios que o mercado enfrentará no futuro.
"Temos a questão do custo de produção. Em nossa região, o custo é mais alto quando comparado com outras regiões produtoras, tanto no Brasil quanto no mundo. Temos também a questão dos impostos e o desafio de consolidar outras variedades com as quais ainda não estamos conseguindo resultados satisfatórios. Tudo isso é muito importante para que possamos ampliar nosso portfólio", comenta.
A vinícola Maria Maria, de Boa Esperança, também no Sul de Minas, foi premiada pelo terceiro ano consecutivo no Decanter Awards, com bronze. Segundo o empresário Eduardo Nogueira Neto, isso mostra consistência no padrão de qualidade dos vinhos produzidos no regime de dupla poda.
"O consumidor tem aceitado os vinhos e visto que eles têm qualidade. Acredito que a tendência é que o consumidor brasileiro dê cada vez mais oportunidade para os vinhos nacionais. Com certeza nossos vinhos têm um futuro promissor", declara.
A Epamig é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina