O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 29, que o Brasil deve ter uma "aterrissagem suave no programa de assistência social", ao comentar sobre o futuro do auxílio emergencial, previsto para ser pago até o fim do ano. Segundo o ministro, o governo terá de buscar um programa fiscalmente responsável, se for substituir o atual, ou permanecerá com o Bolsa Família.
"Se lidarmos bem com o problema do teto, das fontes, de uma forma fiscalmente responsável, ou então a volta ao Bolsa família. O que não vamos fazer é uma irresponsabilidade fiscal", disse Guedes, em audiência na comissão mista do Congresso que fiscaliza a atuação do Poder Executivo no combate ao coronavírus.
O ministro também afirmou que, à medida que a doença do novo coronavírus for "indo embora", o governo terá de reduzir o tamanho desses programas sociais. "Não vamos usar o que seria uma desonestidade com a população, enganar a população, vamos continuar dando dinheiro para todo mundo. Se a doença está indo embora, vamos ter que ir reduzindo esses programas sociais, como estamos fazendo, caiu de 600 reais para 300 reais", afirmou.
Ele ainda comentou que a economia brasileira é a que volta com mais velocidade no ocidente. "Hospitais estão com espaço, não tem ninguém morrendo por falta de respiradores. Brasil é a economia que volta com mais velocidade no ocidente", disse.
Atrito com Mandetta
O ministro da Economia demonstrou irritação nesta quinta-feira com comentários feitos pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Sem citar diretamente o ex-auxiliar da gestão Bolsonaro, Guedes afirmou que as críticas são uma "tremenda injustiça". "Coloquei Marcelo Guaranys à disposição do Ministério da Saúde. Aí vem ex-ministro da Saúde e diz 'acho que ele Guedes não deu muita importância'. É um animador de televisão, um inconsequente de falar algo como isso", disse Guedes na comissão mista do Congresso que fiscaliza a atuação do Poder Executivo no combate ao coronavírus.
Ele ainda comentou que o único atrito que teve com Mandetta foi quando o ex-ministro, na visão de Guedes, sugeriu o tabelamento de preço dos remédios. "É uma maluquice. Tabelamento de jeito nenhum, prefiro dar subsídio, aumentar auxílio emergencial, mas deixa o preço livre, se não remédio vai desaparecer da prateleira", disse Guedes.
Guedes ainda reclamou de ter sido atribuído a ele o raciocínio de que a crise do novo coronavírus seria atacada com apenas R$ 5 bilhões. "Eu falei, 'vamos pegar esses R$ 5 bilhões no início da crise, é o início da guerra, nós vamos pulverizar esse coronavírus'. Foi uma palavra de exortação, nunca fiz cálculo de que ia custar R$ 5 bilhões o combate ao coronavírus, foi uma coisa ridícula, como se eu fosse fazer essa cálculo", comentou.
'Ministros gastadores'
Sem citar diretamente nenhum colega de governo, o ministro da Economia voltou a criticar o que chamou de "ministros gastadores" que, segundo ele, acabam retirando recursos de áreas importantes para o crescimento, como ciência e tecnologia. "Quem corta o dinheiro de ciência e tecnologia é o passado. Quando um ministro pede dinheiro para fazer obra, quem perde é a ciência e tecnologia. E quem corta não é o ministro da Economia, é o ministério gastador. Quando tem um ministério gastador, outro ministério é vítima", afirmou.
Nos últimos meses, Guedes tem entrado em atritos com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que defende abertamente um amplo programa de investimentos em obras públicas.
Guedes, pelo contrário, defende que os investimentos em obras venham do setor privado para que os recursos públicos sejam aportados em áreas como Saúde e Educação. "Queremos menos ministros andando com saco de dinheiro prometendo coisas para todo mundo e pensando apenas na eleição deles próprios", completou.
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