“O fraudador vai para onde o dinheiro está. E nesta Black Friday, ele certamente vai marcar presença com mais força on-line”. O alerta é de Eduardo Carneiro, analista de conteúdo da startup Konduto, voltada à prevenção de fraudes em e-commerce e pagamentos digitais.
Segundo o especialista, ao menos dois fatores reforçam a tese. A começar pelas previsões do próprio varejo virtual, que espera recordes. “Por incrível que pareça, graças à pandemia. Se ela esvaziou o bolso do consumidor, acelerou o processo de consolidação no e-commerce no Brasil”, pondera Carneiro.
Outro fator apontado é que, neste período de liquidações, tudo indica que o dinheiro virtual reinará como nunca. A Konduto estima que os pagamentos digitais, feitos por link, aproximação de smartphones e cartões, além do Pix – sistema que entrou em teste ontem – ficarão significativamente mais populares, dada a praticidade e o baixo custo. “O Pix, por exemplo, custa zero para o consumidor e muito pouco para o comerciante – bem menos que as taxas cobradas pelas operadoras de cartão. Com a vantagem extra de que o dinheiro cai na hora, o vendedor não precisa esperar nenhum prazo. Então, eu diria que o momento é de fato muito propício ao comércio on-line e às transações eletrônicas”, analisa o especialista.
O problema é que, além de clientes e consumidores, os golpistas também se reinventam. Sobretudo no país que, segundo levantamento de 2019 da companhia Cyxtera Technologies, é o segundo favorito dos hackers e afins. Perde apenas para os Estados Unidos. E a insegurança parece ter se agravado na pandemia. Números da Konduto, que atende mais de 4 mil empresas brasileiras de variados segmentos, indicam que as tentativas de fraude em junho cresceram 25% em relação a janeiro.
A boa notícia é que os espertalhões de plantão não gostam de vítimas que dificultem suas ações. O primeiro conselho de Carneiro para prevenir as fraudes é que, antes da Black Friday, o consumidor que pretende ir às compras on-line reveja as senhas. Sobretudo as de e-mail. “Nunca é bom deixar senhas iguais para produtos e serviços diferentes, pois a primeira coisa que o criminoso faz ao descobrir uma senha é testá-la em todos os outros acessos da vítima”, alerta o analista.
OFERTAS
Ele também chama atenção para ofertas que soem espetaculares. “Especialmente se chegam por e-mail, onde o phishing (armadilha virtual feita para capturar informações confidenciais como senhas e número de cartões de crédito) é muito comum. Antes de clicar em um link que vem por e-mail, procure a loja virtual na internet e verifique se há aquela promoção disponível”, ensina o profissional.
O cadastro no Pix, avisa Eduardo, também exige cuidados. Segundo a agência Kaspersky, mais de 60 sites falsos foram criados em busca de dados de clientes durante o cadastramento na plataforma. A recomendação do especialista é que o usuário sempre realize o cadastramento de chaves – e, posteriormente, quaisquer operações com o PIX – no ambiente virtual dos bancos ou financeiras.
E-GRANA
Veja formas de pagamento digitais que devem se popularizar na Black Friday
» Pix
Novo meio de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, alternativo aos tradicionais TED, DOC e cartões para pessoas e empresas fazerem transferências de valores, realizarem ou receberem pagamentos. As transações se concretizam em menos de 10 segundos por meio de aplicativos de celular, mesmo nos fins de semana e feriados. O novo sistema entrou em operação de forma limitada nesta terça-feira (3) e começa a funcionar oficialmente a partir de 16 de novembro
» Pagamento por link
O link de pagamento é uma ferramenta facilitadora de vendas, sobretudo para os comerciantes que não têm loja virtual. Por meio dele é possível criar um pedido fechado e enviá-lo ao comprador, que finaliza a compra de qualquer lugar. A transação pode ser feita com boletos, cartão de crédito, inclusive com parcelamento, a gosto do freguês e do comerciante
» Pagamento por aproximação
Nessa modalidade, o pagamento ocorre por meio de uma tecnologia chamada NFC (Near Field Communication), que em português quer dizer “comunicação por campo de proximidade”. É possível efetuar as transações por meio do celular, pulseira e até o cartão físico, apenas aproximando da máquina de cartão
» Fique atento
As instituições financeiras alertam que nunca pedem senhas ou código de validação de transações (tokens) fora de seus canais digitais