A Black Friday vai acontecer só na próxima sexta-feira (27), mas os anúncios de produtos em promoção ou com descontos já circulam desde o início do mês. Afinal, o evento, tradicional nos Estados Unidos, já conquistou espaço entre os brasileiros. Atualmente, é considerada uma das principais datas do comércio varejista. Mas, é preciso estar atento para não cair na tentação da compra por impulso.
“Quais são os setores que foram mais afetados pela pandemia? Esses setores vão ser, forçosamente, aqueles que vão dar mais descontos. Moda, por exemplo, ninguém comprou roupa. No máximo pijama, chinelo, uma roupinha pra ficar mais em casa porque as pessoas deixaram de sair. Como esse foi o setor que mais sofreu durante a pandemia, ele inevitavelmente vai dar mais descontos”, explica o professor Leandro Silva, coordenador dos cursos de gestão e ensino a distância do Centro Universitário Newton Paiva.
De acordo com ele, a regra é de quanto maior o estoque, maior a oferta. As áreas que estão com menos estoque e precisam de mais prazo para fazer a entrega do produto, tendem a não dar descontos. “Se tem mais estoque parado, é uma tendência do empresariado dar descontos maiores. Para poder, inclusive, dar descontos maiores e se capitalizar e preparar para o Natal”.
Assim, roupas, calçados, acessórios, perfumaria e cosméticos são produtos que podem valer a pena serem adquiridos na sexta-feira de descontos.
Além disso, segundo ele, a Black Friday pode ser uma oportunidade única para as pessoas já fazerem suas compras de Natal. “Quando as pessoas forem analisar o que é bom para comprar, talvez seria interessante olhar o que elas estavam planejando em comprar no Natal e aproveitar esses mega descontos, que parece que vão acontecer”.
Alta demanda e risco
O especialista acredita que produtos com alta demanda não vão ter preços tão interessantes. “Por que o mercado vai dar desconto em televisores, aparelhos de informática ou coisas que estejam atreladas ao dia-a-dia do home office, se vai continuar tendo essa procura? Portanto, acredito que só vale a pena comprar produtos com grandes descontos e esses com alta demanda, é natural não terem desconto”, ressalta.
Outro segmento que poderá fazer promoções atrativas é o de viagens. Silva, entretanto, alerta para o risco de adquirir pacotes ou passagens aéreas na Black Friday. “O setor de viagens e turismo está com pacotes maravilhosos e muitos descontos. Mas, o problema é que qualquer compra que a pessoa fizer, vai ter que trabalhar com o risco de na data não poder viajar em função da pandemia”.
Ele afirma, também, que as pessoas devem ficar atentas às condições para o uso e, caso elas não possam usar, a possibilidade de devolução do valor ou remarcação da data, sem custo extra. “Isso é o que eu chamo de compra de risco. Tudo que eu comprar hoje para usar no futuro, sem garantia de data e de prazo real do término da pandemia, pode ser um barato que ficará caro depois”.
À vista ou parcelado?
Outra dica é comprar, sempre que possível, à vista. “Se a pessoa puder optar em não gerar dívidas futuras, é melhor pagar à vista. Inclusive, se você vai comprar, mas aquilo não é tão necessário, o correto seria nem comprar. Porque o ano que vem será de muita instabilidade econômica. Então, trazer dívida para o próximo ano, é só para pessoas que têm uma garantia de estabilidade de pagamento”.
Para ele, os consumidores devem resistir à tentação da compra por impulso e adquirir apenas aqueles produtos que estiverem realmente precisando. O especialista alerta, ainda, para as condições de financiamento. “Às vezes, se você compra um produto, na Black Friday, financiado em mais parcelas, ele pode acabar saindo mais caro do que estava antes. A pessoa geralmente não enxerga o preço total que vai pagar, olha apenas a parcela. No final, você pode acabar pagando um produto e meio”.
Além disso, segundo ele, existem algumas cláusulas que podem enganar o consumidor. Em determinados casos, o desconto só vale para pagamento à vista. Se a pessoa quiser financiar, o preço deixa de ser aquele praticado na Black Friday. “Ele volta para o preço da tabela comum. Um carro, por exemplo, ele pode estar com um preço bom. Mas na hora que a pessoa vai ver, para financiar o preço é outro”.
O monitoramento dos preços também é importante. “Não só o preço que determinada loja praticava, mas o preço médio do mercado. Porque às vezes o desconto nem é tão grande. É preciso fazer um planejamento e uma pesquisa de preços, para ver se, de fato, o produto está com desconto. As lojas usam muito uma estratégia chamada boi de piranha. Colocam uma coisa em promoção para atrair o consumidor e quando vai ver o que ele realmente queria não está em promoção”.
*Estagiária sob supervisão daeditora-assistente Vera Schmitz