Após o superávit de US$ 2,320 bilhões em setembro, o resultado das transações correntes ficou novamente positivo em outubro deste ano, em US$ 1,473 bilhão, informou nesta quarta-feira, 25, o Banco Central. Este é o segundo melhor resultado para meses de outubro na série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995. Em outubro de 2006, o superávit havia sido um pouco maior, de US$ 1,495 bilhão.
Os dados refletem os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que a partir de março se intensificou no Brasil, reduzindo o volume de importações de produtos. A autarquia projetava para o mês passado superávit de US$ 1,2 bilhão na conta corrente.
O número de outubro ficou dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de superávit de US$ 0,100 bilhão a US$ 2,700 bilhões (mediana positiva de US$ 1,350 bilhão).
A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 4,814 bilhões em outubro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,637 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 1,859 bilhão. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 1,446 bilhão.
Acumulados
No acumulado do ano até outubro, o rombo nas contas externas soma US$ 7,588 bilhões. A estimativa atual do BC é de déficit em conta corrente de US$ 10,2 bilhões em 2020. O cálculo foi atualizado no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Nos 12 meses até outubro deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 15,347 bilhões, o que representa 1,04% do Produto Interno Bruto (PIB). Este é o menor porcentual desde fevereiro de 2018 (0,97%).
Lucros e dividendos
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 919 milhões em outubro, informou o Banco Central. A saída líquida é inferior aos US$ 4,187 bilhões que saíram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas.
No acumulado do ano até outubro, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 16,494 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2020 some US$ 16,7 bilhões. Esta projeção foi atualizada no último RTI.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 948 milhões em outubro, ante US$ 2,152 bilhões em igual mês do ano passado.
No acumulado do ano até outubro, essas despesas alcançaram US$ 17,708 bilhões.
Viagens internacionais
Ainda sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 103 milhões em outubro, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em outubro de 2019, o déficit nessa conta foi de US$ 1,044 bilhão.
Na prática, com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram 90,13% em outubro deste ano. Vale lembrar que a pandemia do novo coronavírus ganhou corpo a partir de março, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.
O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 284 milhões - queda de 81,14% em relação a outubro de 2019. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 181 milhões no mês passado, o que representa um recuo de 60,82%.
No ano até outubro, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 2,132 bilhões.
Dívida externa
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em outubro é de US$ 307,436 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2019 terminou com uma dívida de US$ 322,985 bilhões.
A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 232,201 bilhões em outubro, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 75,234 bilhões no fim do mês passado.
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