Um dos períodos mais aguardados pelos empresários no ramo dos negócios, a Black Friday não ocorreu da forma esperada em 2020 no setor dos shoppings. De acordo com pesquisa feita pela Associação dos Lojistas de Shopping Center de Minas Gerais (Aloshoping), os estabelecimentos arrecadaram menos que o previsto na data se comparado ao ano passado. E a pandemia do coronavírus, que fez reduzir drasticamente o movimento de pessoas, está entre os fatores principais que levaram a atividade à marca negativa.
O levantamento foi aplicado nos dias 29 e 30 de novembro em todos os shoppings da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Foram entrevistados comerciantes de 98 empresas, que representam 500 lojas de diferentes segmentos, como vestuário, calçados, cama, mesa e banho, óticas, livrarias e papelarias , joias e semijoias, perfumarias, artigos esportivos, entre outros.
A pesquisa mostrou que 90% dos entrevistados tiveram queda de arrecadação em relação ao ano passado. Para 19,4% dos empresários, as vendas caíram de 41% a 50%, enquanto apenas 10% relataram que o negócio cresceu. O estudo apontou que a queda média das vendas na Black Friday foi de 32,95%.
"A expectativa foi muito negativa. Tínhamos uma perspectiva boa em relação às vendas nas lojas físicas. Habitualmente, a Black Friday é boa, alavancando as vendas para o Natal. Mas este ano estamos com dados negativos. Tivemos o primeiro domingo com lojas abertas nos shoppings. Mas o público foi passear, aproveitou as praças de alimentação, mas não impulsionou as vendas”, ressalta o superintedente da Alosshopping, Alexandre Dolabella França, um dos organizadores da pesquisa.
Para 68,3% dos entrevistados, as vendas no domingo foram ruim ou péssima. Outros 26,5% apontaram que elas foram boas e apenas 5,1% relataram que as lojas tiveram faturamento satisfatório.
Em outro dado da pesquisa, 79,6% dos lojistas sacrificaram a margem de lucro para conceder descontos na Black Friday. E outros 10,2% apontaram que negociaram com os fornecedores para reduzir o preço das mercadorias e tentar atrair o cliente.
França apontou que as maiores arrecadações da Black Friday de 2020 foram predominantemente das vendas pelas internet: “Tivemos restrições de horário em virtude da pandemia. Muitos clientes preferem ficar em casa e não querem aglomerar, por mais que os shoopings respeitem bem os protocolos. Neste ano, a tradição da Black Friday é de venda online. A venda física normalmente pega um rebote bom, mas este ano elas foram menores que o previsto”.
Ele aponta que as pequenas e médias empresas gradativamente estão aderindo às estratégias de vendas online: “Todos estão procurando ser mais profissional, contratando outras empresas para alavancar as vendas. Desta forma, conseguem aumentar seu lucro”.
Fornecedores
O superintendente aponta que os estabelecimentos enfrentaram problemas em 2020 com o fornecimento de mercadorias, sobretudo pela crise do coronavírus, que afetou a produção de várias indústrias no país.
“Os lojistas comprometeram os lucros e não fizeram acordo com seus fornecedores. Logo, a cadeia produtiva foi prejudicada. As indústrias também pararam no período, demitiram e não conseguiram voltar. Matéria-prima também subiu, como o algodão, a principal usada no vestuário.