Criticado por não cumprir o prazo de promessas que fez sobre temas como privatizações e votações no Congresso Nacional, o ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que agora não prometerá mais nada. "Acabou. Não prometo mais nada. Agora, só digo 'Espero que Congresso aprove. Felicito o Senado pela aprovação'. Aprendi", afirmou nesta sexta-feira.
Em entrevista coletiva, o ministro chamou de "negacionistas" e "acientíficos" quem diz que ele não está fazendo as entregas esperadas na área econômica. "Toda vez que fiz promessa, foi depois de conversas políticas. Sou acusado toda hora de não entregar, estamos entregando alucinadamente. Existe uma campanha negacionista, não científica, de acusações contra a equipe", comentou.
Ele, no entanto, reconheceu que não fez tudo o que gostaria, mas disse que há um reconhecimento do mercado em relação ao seu trabalho. "A Bolsa está no máximo, o dólar caiu, mas negacionismo diz que situação fiscal está cada vez mais complicada. Claro que queremos fazer reforma fiscal, a prioridade é o pacto federativo", completou.
Entre as "entregas" relacionadas por Guedes está a reforma da Previdência. "O primeiro olhar do presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia sobre a reforma da Previdência foi de ceticismo. Entregamos", afirmou.
Privatizações prioritárias
O ministro da Economia voltou a citar a Eletrobras, os Correios, PPSA e o Porto de Santos entre as privatizações prioritárias para 2021. "A PPSA é uma holding que segura contratos de petróleo, que são convite à corrupção. Se a Eletrobras virar corporação, companhia de controle difuso, não vai faltar dinheiro pra ela", comparou.
Sobre os Correios, o ministro defendeu que é preciso "salvar a empresa" antes que ela perca funcionalidade, já que "ninguém escreve carta mais". "Quebraram não só empresa (Correios) mas também o fundo de pensão (Postalis). Se fizermos boa privatização, terá recursos inclusive para boas aposentadorias do Postalis."
O ministro disse que as reformas continuam avançando no Congresso Nacional apesar da pandemia. Ele disse ainda ser "natural" que alguns ministros prefiram não estatizar estatais ligadas a suas pastas. "No início, não tinha consenso sobre a privatização dos Correios. Houve longa discussão interna até chegarmos a decisão, a essa possibilidade de privatizar", completou.
Cedae e autonomia do BC
Ele disse que conversas sobre a concessão da Cedae, empresa de saneamento do Rio de Janeiro, estão sendo finalizadas e lembrou o avanço de projetos como o marco do saneamento e autonomia do Banco Central.
"É muito difícil e penoso investir após um ano paralisado pela pandemia. Mas estamos voltando", disse.
Guedes admitiu que houve conflitos com o Congresso Nacional, como uma "divergência importante" na reforma tributaria e um "acordo político" contrário às privatizações. "Houve divergência porque achamos fundamental a desoneração da folha", completou.
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