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Construção civil cresce em Minas como motor da economia

Atividade se desenvolveu ao longo da história de 300 anos de Minas e hoje movimenta 97 setores, com empregos diretos e indiretos e modernizando as obras


12/01/2021 04:00 - atualizado 12/01/2021 10:45

Ao longo de seus 300 anos de história, se Minas Gerais conseguiu se desenvolver e criar bases para o progresso da economia foi, em parte, graças à construção civil. O estado tem tradição em engenharia, abriga construtoras que fizeram fama nacional e impulsionaram o desenvolvimento tecnológico que é aplicado nas obras de hoje. A atividade está fortemente integrada à economia mineira e garante empregos diretos e indiretos numa extensa cadeia, envolvendo diversos setores.
 
Os empresários e representantes da construção civil defendem que a atividade desempenha papel fundamental em Minas, assim como todo o país. Eles apontam que há toda uma movimentação de setores distintos para construir um prédio ou uma estrutura. “Quando o operário vai trabalhar, ele pega transporte, precisa de equipamentos. A construção civil movimenta 97 outros setores”, afirma Geraldo Linhares, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon/MG).

A geração de postos de trabalho pela cadeia da construção é outro motivo para este lugar de destaque na economia mineira. Nos 10 primeiros meses de 2020, ano afetado pela pandemia do novo coronavírus, Minas Gerais foi o estado que mais gerou vagas com carteira assinada no setor: quase 31 mil, segundo dados do Sinduscon. Ainda de acordo com o sindicato, em outubro do ano passado, a atividade empregava mais de 328 mil pessoas em Minas, sendo 129 mil só em Belo Horizonte.
 
Além de trabalho, os representantes do segmento dizem que a construção também contribui com o desenvolvimento urbano e a diminuição do número de pessoas que vivem em condições precárias. “Vendemos sonhos para as pessoas. A casa própria é muito importante hoje. Estamos ajudando a economia de uma maneira total”, afirma Geraldo Linhares.
 

Competitivo

O mercado da construção é complexo e competitivo, sujeito a elevações nos custos e margens apertadas, mas é atrativo e recompensador. A visão é do diretor operacional da construtora AP Ponto, Werbert Teixeira. A empresa de médio porte, fundada há 11 anos, se especializou em habitação popular, como do programa federal Minha casa, minha vida. “A empresa cresceu aos poucos, começamos fazendo 60 unidades no ano e hoje fazemos 1.200. Acreditamos muito no mercado mineiro, atuando na Região Metropolitana de BH e em Uberlândia”, afirma o executivo.

Saber o perfil de quem compra o imóvel é importante para crescer, aponta Teixeira. “A gente conhece bem o nosso cliente. Normalmente, está começando a vida, constituindo família”, aponta. Além disso, a empresa oferece um único profissional para todo o processo de relacionamento com o comprador, da assinatura ao pós-obra, o que Teixeira acredita ser um diferencial. O diretor afirma que uma característica do cliente de Minas Gerais é a desconfiança. “Ele pesquisa mais, quer saber mais detalhes, as condições de financiamento. Diferente do paulista e do carioca”, diz.

Reputação 

Uma particularidade de Minas construída ao longo dos anos é a reputação na área de engenharia no país. “Desde a construção de Brasília, esse segmento se fortalece em Minas. As construtoras mineiras sempre fizeram do Brasil o seu mercado, exportando serviços em engenharia”, afirma Teodomiro Diniz Camargos, presidente da Câmara da Indústria da Construção da Fiemg. “Essas empresas construíram barragens Brasil afora, e sempre tivemos grandes empresas de consultoria e projeto”, aponta o empresário.

A construção foi fundamental para o processo de interiorização do estado e o estabelecimento de uma infraestrutura de apoio para a economia, argumenta Camargos. Como Minas está em uma região central do país, depende de vias de ligação, como as rodovias federais BRs-381 e 040. “Começou com o presidente JK, com a expansão da indústria automobilística e se amplificou nos anos 70, com o milagre econômico”, explica. Ele acredita que o desenvolvimento da indústria no estado também contribuiu para o desenvolvimento da atividade, que é a base das demais.

Com as diversas crises na história recente do Brasil, a construção precisou se reinventar. Geraldo Linhares relembra que a atividade sobreviveu um bom temposem crédito. Com a entrada mais forte dos bancos no financiamento imobiliário e o surgimento do programa Minha casa, minha vida, o setor cresceu. “É um segmento em que é importante que as pessoas tenham emprego e confiança para aspirar a coisas melhores”, afirma o presidente do Sinduscon/MG. Durante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, a transição para as vendas on-line garantiu um bom desempenho do setor.


Eficiência

 
O modo de se fazer uma obra e a tecnologia empregada nos canteiros evoluiu muito nos últimos 20 anos, apontam os empresários e representantes do ramo, com as construtoras de Minas liderando o processo. Apesar de se tratar de uma atividade ainda artesanal, muitos processos são mecanizados, tornando a obra mais eficiente, rápida, segura e limpa. Por outro lado, as tecnologias mais avançadas de planejamento permitem aos engenheiros visualizar os projetos em um tablet ou no celular, o que melhora a gestão da obra.

Minas Gerais concentra parte relevante dos esforços de pesquisa que resultam nas tecnologias da construção aplicadas em todo o país. A construtora mineira MRV, a maior da América Latina, inaugurou em dezembro de 2020 um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, parte de um esforço para incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias na empresa. “A qualidade dos produtos, maior segurança nos canteiros de obras, melhor experiência do cliente, mais eficiência produtiva. Esses são alguns dos resultados obtidos quando buscamos associar tecnologias e inovações ao processo da construção civil”, afirma Rodrigo Resende, diretor de novos negócios e inovação.
 
Entre as tecnologias que a MRV utiliza, o diretor destaca a implantação de placas fotovoltaicas nas áreas comuns de grande parte dos lançamentos. A construtora lançou recentemente um primeiro empreendimento no conceito de Smart Living, também conhecido como casa inteligente. Segundo Rodrigo Resende, o condomínio residencial vai contar com assistentes de voz e automação de eletrodomésticos, interruptores e sistemas de segurança.


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