Entre emergentes, o Brasil é o país onde os riscos para refinanciamento de dívida são mais elevados este ano, na avaliação do Instituto Internacional de Finanças (IIF). Em relatório divulgado nesta terça-feira, a instituição classifica o cenário fiscal brasileiro como "complicado".
A análise destaca que os prazos médios dos títulos soberanos diminuíram "significativamente" durante a pandemia, com um volume considerável de vencimentos esperado para os próximos meses. "Uma base de investidores principalmente locais alivia as preocupações de rolagem parcialmente, mas a consolidação fiscal politicamente difícil e a alta amortização são uma combinação arriscada", ressalta.
O instituto fiscal explica que o governo financiou o déficit fiscal de cerca de 15% do Produto Interno Bruto por meio de diferentes formas de empréstimos de curto prazo, tendo enxugado os depósitos no Banco Central com objetivo de impulsionar a liquidez. Em contrapartida, a autoridade monetária realizou operações de recompra de curto prazo (repo) com intuito de "colocar mais títulos nas mãos do público".
Para o IIF, a estratégia foi bem-sucedida em reduzir os custos de empréstimos, mas gerou riscos de rolagem. "A amortização este ano é tão alta quanto no início dos anos 2000, com um alto volume de vencimentos para abril", explica.
Nesse quadro, a instituição acredita que o governo deveria cortar todas as despesas emergenciais com a pandemia a fim de cumprir o teto de gastos, mas reconhece que essa possibilidade não é provável. "Cenários em que uma parcela razoavelmente pequena dos gastos de emergência é estendida podem atingir um bom equilíbrio entre apoiar o crescimento e abordar questões de sustentabilidade da dívida, potencialmente pavimentando o caminho para uma rolagem mais fácil", ressalta o IIF, que também cita a situação da África do Sul como um dos casos de grandes desafios fiscais.
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