A geração de novas vagas no mercado de trabalho brasileiro, tanto com carteira assinada quanto informais, foi celebrada pelo Ministério da Economia como indicativo da recuperação da atividade econômica. Em nota divulgada nesta sexta-feira, 26, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia diz que as medidas emergenciais implementadas pelo governo "foram importantes e serviram para atenuar os efeitos da crise no seu momento mais grave".
"Os dados estão mostrando que, à medida que a economia está se recuperando, o mercado de trabalho está voltando a ter aumento de emprego e ganha dinamismo para continuar se autoajustando via leis de mercado", afirma a nota.
Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população ocupada cresceu 3,7 milhões no último trimestre de 2020 em relação ao período de julho a setembro. O aumento no número de postos foi observado tanto no setor formal (1,3 milhão) quanto no setor informal (2,4 milhões), observou a SPE.
Apesar da celebração do governo, os dados do IBGE também mostram que o mercado de trabalho segue em pior situação do que no fim de 2019. Nessa comparação, no ano de 2020 terminou com 2,3 milhões de pessoas a mais procurando emprego. Outros 8,4 milhões perderam a ocupação no período, mas uma boa parte desse contingente parou de buscar trabalho e, por isso, deixou de engrossar as estatísticas de desemprego.
Nas últimas semanas, o governo cedeu ao apelo do Congresso e da população para lançar uma nova rodada do auxílio emergencial aos vulneráveis, que incluem trabalhadores informais que perdem sua fonte de renda devido à necessidade de adoção do distanciamento social. O presidente Jair Bolsonaro disse na quinta-feira que o benefício deve ter quatro parcelas de R$ 250, como já havia mostrado o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado)
Com o avanço das contaminações e novas medidas restritivas em diversos Estados, tem crescido a pressão também para o governo relançar o programa que permitiu às empresas negociar com trabalhadores a redução de jornada e salário ou a suspensão do contrato. Os estudos nessa frente estão em curso dentro da área econômica, mas ainda sem definição sobre qual será o modelo adotado.
Na nota, a SPE ressaltou que a crise da covid-19 teve um impacto muito mais forte no mercado de trabalho informal, enquanto os empregos formais mostraram certa resiliência. No entanto, o órgão vê nos dados do IBGE evidências de melhora em ambos.
"Os dados da Pnad Contínua do último trimestre de 2020 (outubro a dezembro) corroboram a retomada da atividade em formato de 'V'. (...) A retomada do setor de serviços nos últimos três meses de 2020 foi fundamental para a recuperação do emprego, principalmente informal", diz a SPE. "A retomada econômica está ocorrendo, e o emprego está aumentando, liderado pelo setor informal - mais impactado pela crise."
Neste momento, a SPE argumenta que o foco deve se voltar a medidas estruturais, como reformas econômicas e o ajuste fiscal, para viabilizar uma trajetória de crescimento sustentado com geração de emprego. A secretaria defende ainda a aprovação de medidas que elevem a produtividade da mão de obra e melhorem o ambiente de negócios, citando privatizações e concessões, abertura comercial, correção da má alocação de recursos, reforma tributária e desburocratização como exemplos.
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