
Depois de mais um reajuste nas refinarias de petróleo, o sexto em 2021, os postos de combustíveis já cobravam novos valores ontem em Belo Horizonte. Com essa elevação, a gasolina já pode ser encontrada custando mais de R$ 6 nos estabelecimentos da capital mineira, o que representa aumento de 8,8%. Nas refinarias, o preço do combustível acumulou alta de 53% desde o ano passado.
Segundo a Petrobras, a nova majoração segue a cotação do petróleo e derivados no mercado internacional, impulsionados pela manutenção do corte de produção dos países exportadores de petróleo (Opep).
Em nota, a estatal afirmou que o consumidor não perceberia a elevação do custo nas bombas: "Os preços praticados pela Petrobras, e suas variações para mais ou para menos, associadas ao mercado internacional e à taxa de câmbio, têm influência limitada sobre os preços percebidos pelos consumidores finais".
Apesar da alegação, a reportagem do Estado de Minas esteve em quatro postos de combustíveis, todos localizados na Avenida Nossa Senhora do Carmo, sentido Nova Lima, na Região Centro-Sul, e constatou a prática de cobranças acima dos R$ 6 para a gasolina aditivada em três deles. Os valores variavam entre R$ 6,148 e R$ 6,990. Já a gasolina comum era vendida entre R$ 5,897 e R$ 5,999.
Este sexto aumento no preço em 2021 ocorre em meio à troca no comando da Petrobras feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O atual presidente da estatal, Roberto Castello Branco, fica no cargo até o dia 20 deste mês, quando dará lugar ao general Joaquim Luna e Silva.
A nomeação de Luna e Silva em fevereiro causou interferência negativa no mercado financeiro, com alta do dólar e queda da Bolsa de Valores de São Paulo. Bolsonaro optou pela troca de comando justamente pela questão dos preços, que o próprio presidente considerava como “abusivos”.
CAMINHONEIROS Esses frequentes reajustes levaram até mesmo a protestos isolados de caminhoneiros por causa do custo do óleo diesel. Houve manifestações pontuais na BR-040, em Sete Lagoas, e em Vespasiano, ambas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na terça-feira passada. Eles cobravam do governo tanto a desoneração dos impostos sobre o diesel, o que foi feito em nível federal (mas cujos efeitos foram anulados pelos sucessivos aumentos), a uma política de preço mínimo e de tabelamento “justo” para o frete.
No fim de fevereiro, os tanqueiros já haviam aderido a paralisação que durou dois dias e afetou o abastecimento em várias cidades mineiras. Eles reivindicavam do governo de Minas a redução do ICMS sobre o diesel, de 15% para 12%, como praticado em São Paulo e no Espírito Santo. Mesmo sem serem atendidos, encerraram o movimento sob promessa de negociação de suas demandas.
*Estagiária sob supervisão do
subeditor João Renato Faria