Mariana Costa*
Após a Petrobras anunciar mais um reajuste nas refinarias, o sexto aumento em 2021, o preço da gasolina disparou nos postos de combustível de Belo Horizonte. A nova tabela de preços começou a valer em todo o país na terça-feira. Com isso, a gasolina comum já é vendida a R$ 6,249 por litro em postos da Região Sul da capital. O combustível teve aumento de 8,8% nas refinarias e já acumula alta de 53% desde o ano passado. De acordo com a Petrobras, o novo aumento acompanha os preços do petróleo e derivados praticados no mercado internacional e impulsionados pela manutenção do corte de produção dos países exportadores de petróleo (Opep).
A estatal chegou a divulgar uma nota na segunda-feira afirmando que o consumidor não perceberia a elevação dos preços nas bombas, mas, na prática, não foi o que ocorreu. Na tarde de terça-feira, a reportagem do Estado de Minas registrou valores entre R$ 5,897 e R$ 5,999 para a gasolina comum e entre R$ 6,148 e R$ 6,990 para a gasolina aditivada, em quatro postos da Avenida Nossa Senhora do Carmo, sentido Nova Lima.
Ontem, os preços do combustível estavam ainda mais elevados. Em um posto localizado na esquina das avenidas Paulo Camilo Pena e Luiz Paulo Franco, no bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a gasolina comum está sendo vendida a R$ 6,24 o litro, enquanto a aditivada custa R$ 6,44. Como os preços são liberados, o motorista deve pesquisar para verificar os melhores preços. No mesmo posto, o etanol era vendido a R$ 4,749.
Para tentar amortecer os aumentos bruscos nos preços dos combustíveis, o governo federal prevê a criação, por meio de um projeto de lei, de um “fundo de amortecimento”. O objetivo seria ajudar a controlar o preço da gasolina e do diesel quando os reajustes chegam às refinarias. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o governo já fez contas preliminares sobre o impacto efetivo que esse fundo teria nos preços dos combustíveis. Se for considerada a sua aplicação sobre o diesel e a gasolina, técnicos do governo que participam da elaboração do plano acreditam em uma queda de R$ 0,08 por litro para ambos os produtos.
Já se os recursos forem usados apenas sobre o diesel, a queda efetiva projetada seria de até R$ 0,20 por litro. As estimativas são de captar cerca de R$ 12 bilhões por ano para alimentar esse fundo. A ideia já vinha sendo defendida desde o início do ano passado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), mas nunca foi colocada em prática. O governo quer criar um instrumento que sirva para equalizar os preços dos combustíveis, nos momentos em que houver uma alta na cotação do petróleo. Esse fundo seria abastecido com recursos de royalties e participações especiais provenientes de petróleo e gás que são pagos ao governo federal.
O Brasil, apesar de importar combustível refinado, é um grande exportador de petróleo e se beneficia do valor do barril quando o dólar sobe. A ideia é criar um “preço-limite” que funcione como um gatilho desses preços. Quando o barril atingir determinado valor acima do estabelecido, o governo passaria a alimentar esse fundo com os recursos extras que entrarem com suas exportações.
A avaliação é de que o governo conseguiria dar uma resposta efetiva para amortecer o preço do combustível na bomba, sem ter nenhuma interferência no custo do produto para o mercado. O assunto é discutido por um grupo de trabalho formado pela Casa Civil da Presidência e os ministérios de Minas e Energia, Economia e Infraestrutura. (Com agências)
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria