As empresas do setor sucroenergético de Minas Gerais querem aumentar o número de mulheres no quadro de funcionários. Atualmente, em todo estado são cerca de 48.500 empregados diretos, mas apenas 9,1% das vagas são preenchidas por elas.
Próximas do início da safra de cana-de-açúcar, em abril, as empresas já realizam muitas contratações nesta época do ano, entretanto, a ideia é incluir mais mão-de-obra feminina em um ramo majoritariamente masculino. As áreas com trabalhos braçais são as que menos tem atuação de mulheres, mas a Agroindustrial Pompéu (Agropéu), na Região Central de Minas, garante que quer mudar essa realidade.
“O trabalho começou lá atrás, quando chamamos as lideranças para trazer a ideia. Na Agropéu não há nenhuma restrição de indicar parentes, por isso umas das estratégias que usamos foi estimular a indicação de mulheres familiares para trabalhar”, diz a supervisora de Recursos Humanos da Agropéu, Laudeane Castro.
Segundo ela, a abordagem é diferente quando uma esposa, cunhada ou irmã está na linha de produção ao lado de um homem que é seu parente. "O olhar é diferente, foi uma estratégia legal que adotamos e deu muito certo." São cerca de 100 mulheres no quadro efetivo da empresa, mas todas na área operacional.
“Já temos mulheres na área operacional, mas não no parque industrial e agora estamos contratando para a destilaria, tratamento do caldo e fábrica de açúcar. O laboratório vai ser 100% feminino”, diz Laudeane.
Como a demanda para a safra é alta, muitas vagas estão abertas, mas 40 delas são reservadas para mulheres e a empresa espera conseguir preenche-las, já que nos anos anteriores o número de interessadas era muito menor, cerca de três a cinco, no máximo. Para garantir o sucesso nas admissões, a Agropéu divulgou as vagas internamente e nas redes sociais.
A Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig) acredita que todas as tarefas podem ser feitas por mulheres e é preciso incentivá-las na inscrição das vagas e mostrar as possibilidades de fazer parte do setor.
Outra empresa que está destinando trabalhos para mulheres é a Usina Coruripe, que se destaca nas ações de valorização feminina. A meta do grupo é aumentar para 20% o número de colaboradoras até o fim da safra de 2022.
Comitê
Para alcançar esse e outros objetivos, a empresa conta com um Comitê da Mulher, liderado pela coordenadora de irrigação e topografia, Sandra Maria. Segundo ela, o projeto nasceu há 6 anos e inicialmente era uma ação em prol do dia da mulher, mas ao longo dos anos se transformou em algo ainda maior, com intenção de apoiar as colaboradoras e levar novos talentos para a empresa.
Além de aumentar o número efetivo, foi criada uma campanha de capacitação das mulheres que já trabalham na empresa: “Este ano, 50% das vagas do programa de bolsa de estudos passaram a ser destinadas exclusivamente às mulheres. O programa inclui bolsas de 100% em cursos técnicos; de 50% a 80% em cursos de graduação e pós-graduação; e de 75% em idiomas”, diz Sandra.
A Coruripe já colhe os frutos da ação, que já resultou na promoção interna de algumas mulheres que participaram do programa de bolsas e se qualificaram para ocupar outros cargos: “Falando como coordenadora, eu tinha uma engenheira na equipe que estava fazendo operação de máquina. Fiz alguns testes e hoje ela é líder de produção agrícola”, destaca Sandra.
Ela completa que as promoções são feitas pelo mapeamento das colaboradoras que já participaram dos cursos, junto das lideranças de cada setor e, depois do estudo, as mulheres que se destacam são promovidas.
* Estagiária sob supervisão da subediora Ellen Cristie.