O Banco do Brasil confirmou na quinta-feira, 1º de abril, que o atual presidente do Conselho de Administração da instituição, Hélio Magalhães, e o conselheiro independente José Guimarães Monforte renunciaram aos seus cargos, como antecipado pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A movimentação começou após a renúncia de André Brandão da presidência da instituição, no mês passado, atribuída ao aumento da interferência do governo Jair Bolsonaro nas estatais e, em especial, no BB.
Na carta de renúncia Magalhães afirma ter tomado a decisão em razão do "reiterado descaso com que o acionista majoritário vem tratando não apenas esta prestigiada instituição, mas também outras importantes estatais de capital aberto e seus principais administradores".
No caso do BB, Magalhães aponta tentativas de desrespeito à governança corporativa, que não foram adiante em razão da atuação diligente do conselho e pela "higidez dos mecanismos de governança da companhia".
Como exemplo, o executivo ainda aponta interferências externas na execução do plano de eficiência da companhia, que já havia sido aprovado pelo conselho e que seria "obviamente necessário para adequá-la aos novos tempos e desafios do setor".
Magalhães protestou ainda contra o rito de escolha do novo presidente do banco, "o qual simplesmente não considera o desejável crivo deste conselho, vez que baseado em legislação anacrônica e contrária às melhores práticas de governança em nível global".
Nos quase dois anos que presidiu o conselho, reforça Magalhães, a instituição evoluiu principalmente em três frentes: elevar a governança um padrão best in class, melhorar a eficiência do Banco e avançar nos projetos de desinvestimentos. "Infelizmente, entendo que essas prioridades não são mais do interesse do acionista majoritário", conclui.
Novo conselho terá três novatos
O novo conselho do BB foi conhecido esta semana por conta da divulgação do edital da assembleia, que deve ocorrer um mês antes do encontro. Da parte do Ministério da Economia, o grupo contará com três novatos: Aramis Sá de Andrade como conselheiro independente (foi funcionário do BB no passado e também ocupa um assento nos conselhos da Gerdau e da Infraero); Iêda Aparecida de Moura Cagni, secretária-geral de Administração da Advocacia-Geral da União (AGU); e Walter Eustáquio Ribeiro, que foi assessor da presidência do banco no passado, e também ocupará a vaga de membro independente.
No edital, os conselheiros Magalhães, Monforte, Brandão e ainda Fábio Barbosa, que foi vice-presidente do banco, não foram reconduzidos.
Um dos assentos ficará com o futuro presidente do BB, Fausto Ribeiro, cuja indicação para assumir o comando do conglomerado já foi aprovada pelo Comitê de Pessoas, Remuneração e Elegibilidade (Corem).
O secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Junior, foi reconduzido e deve presidir o colegiado do BB. Débora Cristina Fonseca, eleita pelos empregados do conglomerado, também foi reconduzida.
No caso dos conselheiros indicados pelos acionistas minoritários, há três indicações para duas vagas. Luiz Serafim Spinola Santos e Paulo Roberto Evangelista de Lima foram reconduzidos às cadeiras. Além deles, foi indicado o nome da ex-presidente da Lacoste, Rachel de Oliveira Maia. Assim, haverá uma eleição, na assembleia, para escolher somente dois nomes.