“Passamos por muita dificuldade, principalmente, quando começou a pandemia. Sou ambulante, mas o dinheiro não é suficiente para comprar comida e pagar as contas, está muito apertado. Moro com seis pessoas e recebemos ajuda de um projeto social. Quando não tínhamos o que comer, tivemos que recorrer a doações”, contou.
Letícia é uma das pessoas que integram a população que vive em situação de insegurança alimentar no Brasil. Como informou reportagem publicada ontem pelo Correio, mais da metade dos brasileiros não tem plenamente garantido o acesso à comida no país, segundo levantamento feito pelo Grupo de Pesquisa Alimentos por Justiça, da Freie Universität Berlin (Alemanha), em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Brasília (UnB).
De acordo com a pesquisa, a insegurança alimentar grave ou moderada atingiu 27,7% da população no final do ano passado, ou 58 milhões de brasileiros, contra 16,8% em 2004.
Em Palmas, Letícia recebe ajuda o projeto social Unidos por Um Mundo Melhor (UPMM). A coordenadora do projeto na capital do Tocantins, Júlia Albuquerque, afirmou que, com a chegada da pandemia o número de pessoas buscando o programa triplicou.
“Antes mesmo da crise sanitária, muitas famílias estavam cadastradas e, com a pandemia, esse número triplicou. Infelizmente as doações não aumentaram. Muitas famílias não têm o básico, não tem café da manhã ou uma janta, e só o projeto social não dá conta de que elas tenham acesso ao que é delas por direito”, disse.
“Estou desempregada, moro de favor e cuido de três filhos pequenos, passo por muitas dificuldades. Mesmo recebendo o Bolsa Família, o dinheiro não dá pra pagar as contas e comer. Quando estava sem comida em casa, tive que recorrer a uma amiga que me ajudou”, conta Karen Mikaele dos Santos Lima de 26 anos, também residente em Palmas.
Em Brasília, Rejane Souza, 21 anos, é uma das representantes do projeto social Doe Amor. Há um ano voluntários promovem ações no Distrito Federal e Entorno.
“No início, eu e minha irmã, Beatriz, vimos que muitas empresas tiveram que demitir funcionários e ficamos sensibilizadas. A empresa onde trabalhávamos juntas também foi um exemplo, ficávamos localizadas em uma comercial e foi entristecedor ver tantas pessoas sem emprego. Com isso nós tivemos a ideia de juntar esforços e montarmos cestas de doações para ajudar as famílias que estavam precisando. Assim surgiram as primeiras entregas”, explicou.
*Estagiários sob a supervisão de Odail Figueiredo