A Petrobras vai passar a oferecer contratos de venda de gás natural às distribuidoras com um novo indexador de preços. O índice é conhecido como Henry Hub, um dos mais conhecidos pontos de negociação de gás nos Estados Unidos, e é considerado mais estável, com menor oscilação e diretamente relacionado ao produto - atualmente, a Petrobras adota o preço do petróleo no exterior, o Brent, como indexador. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 3, pela companhia ao mercado. A nova opção será válida a partir desta data e garante paridade com preços internacionais.
Localizado na Louisiana, o Henry Hub é um entroncamento de gasodutos de diversas companhias nos EUA, o que confere competitividade e liberdade aos preços devido à dinâmica de negociação entre vendedores e clientes, que ocorre dentro de um ambiente de bolsa. O índice é amplamente adotado desde 2016, quando os Estados Unidos passaram a ser exportadores de gás natural, e tem sido referência para contratos internacionais de longo prazo.
A nova modalidade será opcional, ou seja, as distribuidoras não serão obrigadas a aderir. Haverá contratos com horizonte de seis meses e de um a quatro anos - hoje, eles são de um a três anos. Os reajustes permanecerão trimestrais, exceto nos contratos de seis meses, que terão atualização mensal.
As próprias concessionárias têm reclamado da volatilidade do atual índice de reajuste e enfrentado dificuldades para repassar a variação aos consumidores residenciais e à indústria, principal cliente. De acordo com a Petrobras, os estudos para desenvolvimento de novos modelos contratuais começaram ainda em 2020 dentro da companhia.
A mudança está alinhada aos termos do novo marco do gás natural, sancionado em abril após anos de tramitação no Congresso e que deve resultar na ampliação de atores que atuam no setor. Até então, a Petrobras tinha posição dominante no mercado.
Reajuste
No início de abril, a Petrobras anunciou um aumento de 39% no preço do gás vendido às distribuidoras, com vigência a partir de 1º de maio. O reajuste foi motivado pela alta do petróleo e do câmbio e também pela inflação medida pelo IGP-M, que reajusta os contratos de transporte.
Os recentes aumentos têm sido alvo de críticas em razão da volatilidade, considerada excessiva. Para se ter uma ideia, entre dezembro de 2019 e outubro de 2020, o preço do gás em dólares recuou 48%.
Apesar da alta recente, o preço do insumo ainda está 8,6% inferior ao patamar de dezembro de 2019 e menor, também, que o de combustíveis substitutos como óleo combustível, gasolina e gás liquefeito de petróleo (GLP) - mais conhecido como gás de cozinha, vendido em botijões.
Especialistas afirmam que a oscilação excessiva de preços perturba o mercado, o consumo - já que os clientes passam a procurar combustíveis alternativos para fazer frente ao aumento - e até mesmo a perspectiva de investimentos. A chegada de grandes volumes de gás oriundos do pré-sal demanda altos investimentos, e os preços funcionam como lastro para essa produção.
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