As restrições provocadas pela pandemia de COVID-19 no funcionamento de bares e restaurantes trouxeram impactos econômicos para o setor. Com o faturamento em queda desde março do ano passado, muitas empresas não estão conseguindo quitar compromissos financeiros e acabam acumulando dívidas.
Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) mostra que 43% dos empresários estão com alguma restrição nos órgãos de proteção ao crédito (Serasa, SPC), além de protestos em cartório.
A situação dos entrevistados era esta:
A situação dos entrevistados era esta:
- 10,6% devem até R$ 5 mil;
- 19,6% entre R$ 6 mil a R$ 10 mil;
- 23,5% de R$ 11 mil a R$ 25 mil;
- 22,3% de R$ 26 mil a R$ 50 mil;
- 12,3% de R$ 51 mil a R$ 100 mil;
- 11,7% acima de R$ 100 mil.
Não fazem parte das dívidas, despesas com impostos, taxas, contas de água e luz.
A pesquisa foi feita em 3 e 4 de maio, com 420 empresários do setor de alimentação fora do lar, eventos e turismo do estado.
Outro dado que chama atenção é o fato de que 76% dos entrevistados precisaram abrir mão do patrimônio pessoal para conseguir manter a empresa.
Burocracia e morosidade
Para o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel, a burocracia e a morosidade do governo e de bancos privados na concessão de linhas de crédito contribuíram para agravar o quadro de inadimplência.
Ele entende que as ondas de flexibilização são ineficazes, já que não atendem à ampla maioria do setor. Segundo ele, elas são outro fator que vem aumentando a crise do segmento, o que se reflete na falência de empresas e no consequente fechamento de postos de trabalho.
Somente em Belo Horizonte, 3.500 bares e restaurantes encerraram as atividades desde o início da pandemia, deixando 30 mil pessoas desempregadas, de acordo com a associação.
“Na última flexibilização anunciada pela prefeitura, continuamos impedidos de abrir aos domingos. A liberação do funcionamento até as 19h é irrisória, principalmente para um segmento que precisa funcionar à noite, já que o horário noturno é responsável por 70% do nosso faturamento.”
Matheus Daniel afirma que “o poder público não dialoga verdadeiramente com o setor e não tem ideia de como funciona um restaurante, por isso apresenta propostas inviáveis para mantermos o faturamento e quitar as dívidas. Diz que se apoia na ciência, fala que as contaminações no ambiente familiar são maiores que em ônibus, mas não permite que o setor ofereça seus serviços seguindo regras. Com isso deixa as pessoas sem opções de locais seguros para se alimentarem a qualquer hora do dia”, completa.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina