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Estado de Minas PRESSÃO QUE VEM DAS GRANJAS

Alta nos custos da produção de frango já afeta bolso do consumidor

Custo de produção do frango aumentou 2,75% em abril; nos mercados e açougues da Grande BH, preços subiram mais que o dobro da inflação deste ano, até abril


24/05/2021 12:39 - atualizado 24/05/2021 17:35

Na Grande BH, o frango em pedaços já encareceu em média 5,65% para o consumidor este ano(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Na Grande BH, o frango em pedaços já encareceu em média 5,65% para o consumidor este ano (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Com a pandemia da COVID-19, os produtores de frango do Brasil, assim como outros setores econômicos, enfrentam desafios para tentar manter seus negócios estáveis em meio à crise financeira. O principal impacto para o setor é o aumento no custo das matérias-primas essenciais para a produção da ave.

A pressão no custo das granjas se reflete diretamente no bolso do consumidor, que viu os preços do frango em pedaços subirem mais que o dobro da inflação acumulada no ano, até abril.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as altas nos custos de produção são históricas, principalmente pela elevação no preço do milho e da soja - insumos que abrangem cerca de 70% da composição de despesas.

Conforme levantamento feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por meio da Central de Inteligência de Aves e Suínos, em comparação com março, o valor da produção do frango teve alta de 2,75% em abril e de 14,08% no acumulado deste ano.  

O consumidor sente no bolso o impacto do encarecimento no custo das granjas. O presidente da ABPA, Ricardo Santin, diz, em editorial no site da entidade, que o setor está pressionado pela elevação dos preços do milho e soja, o que pode provocar uma queda de produção e aumento de preços da carne de frango nos supermercados.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a variação anual nos preços do milhos acumulada até abril ultrapassa 115% e se aproxima de 60% no caso do farelo de soja.

“O repasse de custos é inevitável. Os índices que vemos agora são reflexos da utilização de insumos comprados há meses, em valores inferiores aos atuais. Por isso, é provável que novas altas alcancem as gôndolas nos próximos meses”, disse Santin.
 

Opções cada vez mais esgotadas 


Por causa da inflação nos preços dos alimentos, o brasileiro de baixa renda já sofre, desde o início da pandemia, com a súbita mudança no cardápio para tentar gastar menos durante as compras do mês.

Com o aumento no preço da carne bovina, por exemplo, a solução foi procurar opções mais baratas, incluindo frangos, suínos e ovos. No entanto, a carne originada das granjas agora também fica mais cara.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril, o preço do frango inteiro teve um aumento de 1,80% e o do frango em pedaços 2,56%. 

Em Belo Horizonte e Região Metropolitana, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mostra variação dos preços no comércio para o público final, foi de 0,37%  em abril, enquanto no Brasil, foi de 0,31%, segundo o IBGE.

Somente em 2021, o frango em pedaços encareceu, em média, 5,65% nos mercados e açougues da Grande BH. Índice é mais que o dobro da alta de 2,63% da inflação medida pelo IPCA. 

Em um levantamento feito pelo site de pesquisas Mercado Mineiro entre 28 e 30 de abril, o peito de frango resfriado foi encontrado sendo vendido na capital mineira por, em média, a R$ 10,56. Há quatro meses, custava R$ 9,99, ou seja, houve uma variação de 5,72%. Já o quilo da coxa e sobrecoxa foi de R$ 10,25 para R$ 10,74, alta de 4,76%. 

Setor recorre ao governo federal


Para tentar frear esse aumento, a ABPA, junto de entidades estaduais, pede ao governo federal medidas que possam reduzir os impactos causados pela alta dos preços dos grãos.

Entre as solicitações feitas pela associação está a informação antecipada de contratos de exportação feitos de forma oficial pelo governo brasileiro. Ricardo Santin, presidente da instituição, informou em nota, que a medida não se relaciona com o controle de exportações e, sim, com a "transparência em um mercado que carece de informações que melhorem o planejamento industrial".

“Defendemos a liberdade de exportar e importar, e não queremos impor qualquer empecilho. O que buscamos é o estabelecimento de uma fonte oficial, idônea, como a Conab ou outro órgão no âmbito do Ministério da Agricultura, que permita às empresas brasileiras o acesso a estas informações assim como ocorre em outras grandes nações exportadoras, como é o caso dos EUA. Sem este índice, estamos em desvantagem frente aos nossos principais competidores internacionais, o que impacta, também, os 70% da produção de carne de frango que fica no mercado interno”, diz a nota.

Outras medidas também requeridas pelo setor ao governo é a viabilização total das importações de insumos provenientes de países extra-mercosul e desonerações referentes à cobrança de PIS e Cofins.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz


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