A diferença no quilo de produtos recicláveis na Região Metropoliltana de BH apresentou uma variação de até 400% durante a pandemia. Plásticos, vidros, metais, papéis e eletrônicos, todos apresentaram alta. A constatação está na pesquisa de preços do MercadoMineiro, divulgada nesta segunda-feira (31/5). Foram ouvidos donos de estabelecimentos entre 25 e 28 de maio.
Diante da crise econômica, o volume de produtos em oferta caiu bastante e, na mesma proporção, o valor médio pago pelo quilo do alumínio e das garrafas pet subiram. Os plásticos reutilizados em embalagens estão com demanda alta no mercado.
Alfredo Souza Mattos, de 64 anos, atua no setor de apoio logístico há 21 anos. Ele trabalha na Cooperativa da Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável (Asmare) e confirma que, devido à pandemia, não há matéria-prima. "O preço subiu muito. O medo é que quando voltar à normalidade, os produtos estejam ainda mais caros."
O quilo da lata de alumínio, antes da pandemia, girava em torno de R$ 2 a R$ 3,50. Atualmente, varia entre R$ 4 e R$ 6. "Muitos perderam empregos, e passaram a catar recicláveis. Aumentou a concorrência e caiu a oferta do produto", constata Mattos.
O comerciante Valter Fróis, de 59 anos, do Centro de Reciclagem Renascença, no Bairro Primeiro de Maio, que atua com a coleta, seleção e venda de recicláveis há 16 anos, reconhece o aquecimento do setor. "Com a paralisação de setores da indústria, houve um desaquecimento na produção de embalagens. Os plásticos para esse fim estão em alta. As embalagens de água sanitária e álcool, por exemplo, subiram muito. Também o plástico fino usado nas sacolas de supermercados, assim como papéis, alumínio e ferro."
Valter recolhe, separa e prensa material para revenda. Os compradores fazem a seleção dos produtos, moem ou granulam e retornam à indústria para reaproveitamento. São 150 toneladas de materiais reaproveitados por mês.
A pesquisa do MercadoMineiro mostra que um quilo do jornal pode ser vendido entre R$ 0,20 e R$ 1, uma diferença de 400%. O quilo de revista, entre R$ 0,20 e R$ 0,45, diferença de 125%. O mesmo peso da garrafa pet varia em 100% (entre R$ 1,30 e R$ 2,60). O da latinha de alumínio apresentou variação de 35%, com preços oscilando entre R$ 5,20 e R$ 7.
Feliciano Abreu, administrador da pataforma, explica que a pesquisa comparou os preços pagos em maio de 2020 com maio de 2021. "O preço do quilo da latinha de alumínio, equivalente a aproximadamente 75 unidades, subiu 116% pelo preço médio. No ano passado valia, em média, R$ 2,99, hoje vale R$ 6,48.
O quilo do anel ou lacre de alumínio amentou 116% indo de R$ 2,71 para R$ 5,86. O quilo da garrafa pet que custava em média R$ 0,75 subiu para R$ 1,69, um aumento de 124%. O quilo do papelão foi de R$ 0,24 para R$ 0,67 (178%). Já os papéis subiram, como aconteceu com o quilo de papel jornal que custava de R$ 0,46 a R$ 0,56, um aumento de 21%. O quilo do papel de revista subiu de R$ 0,11 para R$ 0,21, um aumento de 153%.
O quilo do anel ou lacre de alumínio amentou 116% indo de R$ 2,71 para R$ 5,86. O quilo da garrafa pet que custava em média R$ 0,75 subiu para R$ 1,69, um aumento de 124%. O quilo do papelão foi de R$ 0,24 para R$ 0,67 (178%). Já os papéis subiram, como aconteceu com o quilo de papel jornal que custava de R$ 0,46 a R$ 0,56, um aumento de 21%. O quilo do papel de revista subiu de R$ 0,11 para R$ 0,21, um aumento de 153%.
Um aumento de 60% na coleta e no preço de recicláveis foi percebido nos cinco primeiros meses deste ano na empresa BH Recicla, uma das maiores do setor em Minas Gerais. Somente em 2020, foram recolhidas 600 toneladas de todos os tipos de produtos destinados à indústria de reciclagens. A empresa recolhe também materiais para descartes "corretos".
"As pessoas estão mais preocupadas em cuidar do ambiente, encontrar locais certos de descarte. No ano passado, nossos quatro caminhões operaram 1 mil coletas por mês", explica Marcella Gosling, da área comercial da empresa.
O fato de ficar em casa, em quarentena ou mesmo trabalhando, aumentou a percepção de materiais ocupando espaços sem qualquer utilidade, explica Marcella. "Isso refletiu no aumento de descarte, por exemplo, de eletrônicos. Foi em torno de 60% no final do ano passado." Eletrônicos, segundo a executiva, incluem aparelhos de som e TV, computadores, mas também fogões, geladeiras, "tudo que tem tomada também".
A empresa, que cobrava uma taxa para buscar o material na origem, agora faz o serviço gratuitamente. Apenas são cobrados para resíduos tarifados. Aqueles não recicláveis e que precisam de destinação correta, que são tratados antes de descartados, como lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias e Equipamento de Proteção Individual (EPI) contaminados.
Emanuelle Lemes Ferreira, auxiliar de meio ambiente da BH Reciclo, conta que independentemente dos volumes envolvidos nas transações, as empresas necessitam de licenças obrigatórias. São duas as classes. A de número 1 se refere aos contaminantes, que precisam passar por tratamento antes de reciclados ou descartados. E a dois, de resíduos que não ofrecem altos riscos.
O MTR (Manifesto de Transporte de Resíduos) instituído pela Portaria nº 280, de 29 de junho de 2020, do Ministério do Meio Ambiente, é autodeclaratório, válido no território nacional, emitido pelo Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o documento é obrigatório em todo o território nacional, para todos os geradores de resíduos sujeitos à elaboração de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, conforme disposto no art. 20 da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.
A ferramenta online do MTR é capaz de rastrear a massa de resíduos, controlando a geração, armazenamento temporário, transporte e destinação dos resíduos sólidos no Brasil.