Depois de um ano marcado pelos prejuízos causados pela pandemia, o consumo deverá recuperar fôlego e movimentar em torno de R$ 5,1 trilhões ao longo deste ano, um aumento de 3,7% em relação a 2020, a uma taxa também positiva de 3,17% do PIB. A estimativa é resultado de um levantamento feito pelo IPC Maps 2021, no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais. O índice apura, em números absolutos e detalhamento do potencial de consumo, 22 categorias de produtos nos 5.570 municípios do Brasil.
Minas Gerais ficou na segunda posição do ranking nacional, com potencial de consumo de R$ 514,149 bilhões, depois de São Paulo. Belo Horizonte é primeira cidade no estado e a quarta capital no país, com R$ 85,059 bilhões.
No estado, os maiores potenciais, depois da capital, são Uberlândia, no Triângulo Mineiro (23º município do país), com potencial de R$ 22,296 bilhões, Contagem na sequência (31º do país) com potencial de R$ 19,246 bi e Juiz de Fora (34º do país) com valores estimados em R$ 18,127 bilhões.
"Minas Gerais, é o estado com maior número de municípios, com uma característica muito específica de grandes diferenças em relação às estruturas das cidades, se olharmos metade do território para o norte e para o sul. Mas mesmo com uma leve perda de participação no consumo nacional, tem cenário positivo, saindo de uma situação de pandemia, aponta para retomada que leva tempo," explica Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa.
O levantamento detalha, ainda, as preferências dos consumidores na hora de gastar sua renda. Os itens básicos aparecem como prioridades: 25,76% dos desembolsos destinam-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 17,96% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc.); 14,11% vão para alimentação (no domicílio e fora); 13,06% a transportes e veículo próprio; 6,66% medicamentos e saúde; 3,71% materiais de construção; 3,46% educação; 3,43% vestuário e calçados; 3,29% recreação, cultura e viagens; 3,29% em higiene pessoal; 1,52% móveis e artigos do lar; 1,49% eletroeletrônicos; 1,1% bebidas; 0,53% para artigos de limpeza; 0,45% fumo; e finalmente, 0,17% referem-se a joias, bijuterias e armarinhos.
Entretanto, Pazzini destaca que uma análise da base da pirâmide mostra que o comprometimento da renda do trabalhador com despesas básicas é muito alta. "Se observarmos, os gastos são com residência, alimento, transporte entre outros, sobrando pouco para os objetos de desejo, como um novo eletrodoméstico, ou uma roupa de marca. O salário cada vez menos banca o consumo."
A pesquisa mostra que em momentos de crise, mercados consolidados tendem a reagir com maior facilidade e se recuperar mais rapidamente. Os estudos apontam que as 27 capitais passarão a conquistar espaço no consumo nacional, respondendo por 29,3% do total de gastos. A previsão é que o avanço no interior atinja 54,9%. A queda de 15,8% ficará por conta das regiões metropolitanas.
Marcos Parizzi explica que o crescimento esperado para este ano é satisfatório, já que as perdas registradas em 2020, em função do isolamento social imposto pela pandemia, vão demorar a se recompor. “Aos poucos, os brasileiros tentam voltar à rotina normal, e é isso que estimulará o consumo em 2021”, aposta.
O destaque fica por conta da Região Sul que, depois de 13 anos, retomará a vice-liderança no ranking de consumo entre as regiões brasileiras. Para Pazzini, a “forte produção industrial local, o agronegócio e a melhor distribuição da sua pirâmide social” podem explicar tal alavancada na economia sulista. Posição que vinha sendo ocupada desde 2008 pelo Nordeste, cuja participação agora cai para 17,5%. Ainda na lista das regiões com crescimento entre 2020 e 2021, aparecem a Sudeste — que amplia em 1,9% sua representatividade, respondendo por 49,4% dos gastos nacionais —, e a Centro-Oeste, que passa de 8,9% para 9% no consumo em 2021.
Em último lugar está a Região Norte, em 0,1 ponto percentual, sua atuação no cenário consumidor atual.
Esta edição do IPC Maps aponta a redução na quantidade de domicílios das classes C1 e C2, elevando o número de residências nos demais estratos sociais. “A migração de domicílios dessas duas classes impactará positivamente o consumo dos grupos D e E, com uma vantagem de 15,5% sobre os valores de 2020”, explica o especialista. Já, os estratos A, B1, B2 e C2 terão crescimento abaixo da média.
Brasil possui mais de 213,3 milhões de cidadãos. Destes, 180,9 milhões moram na área urbana, respondendo pelo consumo per capita de R$ 26.042,02, contra os R$ 11.245,8 gastos individualmente pela população rural.
A class B pertence a 21,3% dos domicílios, assumindo 39,6% (R$ 1,866 trilhão) de tudo que será desembolsado pelas famílias brasileiras. Presentes em quase metade das residências (47,9%), C totaliza R$ 1,752 trilhão (37,2% ante 35,6% em 2020) dos recursos gastos. Já o grupo D e E, que ocupa 28,6% das moradias, consome cerca de R$ 505,8 bilhões (10,7%). Caracterizando apenas 2,2% das famílias, a classe A tem seus gastos em R$ 587,5 bilhões (12,5% em 2021 contra 12,8% do ano passado).
Já na área rural, o montante de potencial de consumo esperado é 14,6% superior em relação a 2020, totalizando R$ 364,8 bilhões neste ano. O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a R$ 2,011 trilhão, 39,6% de tudo o que é consumido no território nacional.
A população de idosos continua crescendo, chegando a cerca de 31,2 milhões em 2021. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passa de 128,7 milhões, o que representa 60,3% do total de brasileiros, sendo mulheres em sua maioria. Já, os jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, vêm perdendo presença e somam 24 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que seguem na média de 29,5 milhões.
No ranking dos municípios, os principais mercados permanecem sendo, em ordem decrescente, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Em 5º lugar, aparece Salvador, deixando Curitiba logo atrás. Na sequência, vem Fortaleza, Porto Alegre e Goiânia em 9º, ultrapassando Manaus, que cai para a 10ª posição.
Da mesma forma, cidades metropolitanas ou interioranas, como Campinas (11º), Guarulhos (13º), Ribeirão Preto (17º), São Bernardo do Campo (18º) e São José dos Campos (20º), no estado paulista; São Gonçalo (15º) e Duque de Caxias (27º), no Rio de Janeiro; bem como as capitais Belém (14º), Campo Grande (16º) e São Luís (19º) também se sobressaem nessa seleção.
A expectativa da retomada da economia reflete no incremento em 9,4% de empresas instaladas no Brasil, totalizando 22.327.228 unidades. Deste montante, quase a metade (12,1 milhões) tem atividades relacionadas a serviços; seguida pelos setores de comércio, com 5,9 milhões; indústrias, 3,6 milhões e, por fim, agribusiness, com 720 mil estabelecimentos.
Índice da indústria reflete volta da confiança do empresário na economia
Pesquisa da Associação Brasileira de Automação demonstra que a indústria de transformação busca reação e aumenta a intenção em lançar produtos. O Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial para o mês de maio mostra crescimento de 8,0% na comparação com o mês anterior no dado livre de efeitos sazonais.
Comparado ao mesmo mês do ano anterior, o índice apresenta aumento de 33,5%. No acumulado de 12 meses, o índice apresenta crescimento de 8,9%.
Comparado ao mesmo mês do ano anterior, o índice apresenta aumento de 33,5%. No acumulado de 12 meses, o índice apresenta crescimento de 8,9%.
"O crescimento observado no Índice GS1 de Atividade Industrial nos cinco primeiros meses do ano confirma a recuperação com relação ao ano passado", analisa Virginia Vaamonde, CEO da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil. "A intenção de lançamento de produtos neste ritmo mostra a confiança da indústria brasileira em uma retomada da economia para 2021."