Os maiores credores da mineradora Samarco, em recuperação judicial desde abril, entraram com nova petição na Justiça alegando que a mineradora tenta blindar o patrimônio de suas acionistas - a Vale e a australiana BHP Billiton - ao propor um financiamento de R$ 1,2 bilhão bancado por elas.
O documento, obtido pelo Estadão, diz que as projeções financeiras da Samarco apontam fluxo de caixa para a empresa manter suas operações sem necessidade desse crédito, principalmente após o pedido de recuperação judicial. O grupo engloba os fundos estrangeiros das gestoras York, BofA, HSBC, BNY Mellon, CVC, Citi, Canyon, Ashmore, Maple Rock, Solus e BlackRock, que têm R$ 21 bilhões da dívida da Samarco.
"Não é crível que a recuperanda (neste caso, a Samarco), assessorada por um dos maiores bancos de investimento do mundo, o JP Morgan, não conseguiu encontrar um só player disponível a mutuar dinheiro em condições melhores do que as do empréstimo DIP (tipo de financiamento voltado a empresas em recuperação judicial)", afirma a petição, ajuizada pelos escritórios Padis Mattar, FCDG e Resende Ribeiro Reis.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Posicionamento da Samarco
Em nota enviada à imprensa nesta quarta-feira (16/6), a Samarco se posicionou a respeito da denúncia. Confira abaixo a íntegra da nota:
"A Samarco informa que, no contexto da Recuperação Judicial, já aceita pela justiça brasileira, solicitou propostas de financiamento junto a instituições financeiras e aos seus próprios acionistas e optou pela melhor condição, ofertada pela Vale e BHP.
A empresa ressalta que o DIP Financing é um mecanismo de financiamento legal e muito utilizado por empresas em processo de recuperação judicial.
A Samarco reforça que o financiamento é essencial para a manutenção das suas operações, dos empregos, do pagamento de seus fornecedores, custeando, assim, suas necessidades de caixa.
Com relação às obrigações não sujeitas à Recuperação Judicial, incluindo os compromissos com os acordos de reparação, a Samarco reafirma a sua responsabilidade, cabendo a ela os pagamentos daí decorrentes.
O que os credores propõem vai exatamente na contramão dos compromissos da Samarco com a reparação dos danos, da sua recuperação econômico-financeira e da manutenção da sua função social".
A Vale e a BHP ainda não deram retorno a respeito da reportagem.