Cerca de 30 produtos vindos do cerrado mineiro serão vendidos na rede de supermercados Carrefour. A parceria entre a empresa e a Central do Cerrado foi fechada na quarta-feira (9/6), em Brasília. Os itens vão ser ofertados na seção ‘Da Nossa Terra’, espaço destinado a agricultores que profissionalizaram seus processos produtivos tanto dentro quanto fora da porteira.
A partir de agora, produtos como castanha de baru, polpa de fruta congelada, açafrão (cúrcuma), urucum, farinha de mandioca, óleo de coco, babaçu orgânico e açúcar mascavo serão vendidos nas unidades do grupo no Distrito Federal.
A Central do Cerrado é uma cooperativa que reúne diversas organizações comunitárias, entre elas a Cooperativa Regional de Base na Agricultura Familiar e Extrativismo (Copabase), da cidade de Arinos, localizada na Região Noroeste de Minas Gerais.
Esta é a primeira vez que produtos com o selo da agricultura familiar, cultivados com base na economia solidária, serão vendidos por uma grande rede varejista no Brasil. A parceria aconteceu por meio de um trabalho de acesso a mercados intermediado pelo Sebrae em Minas Gerais.
O evento de apresentação dos produtos contou com a participação de lideranças dos empreendimentos cooperativos, de um representante do Sebrae Minas, de parceiros e também do diretor-presidente do Grupo Carrefour na América Latina, Noel Prioux, que se encantou com os sabores do cerrado e os saberes por trás de cada item.
"Precisamos trazer as famílias dos produtores para apresentarem seus produtos e contarem suas histórias, aqui, em nossas lojas", disse.
Novos mercados
Para Dionete Figueiredo Barboza, gestora e coordenadora da Copabase, o acordo consolida o objetivo da cooperativa de ter acesso aos mercados privados do varejo, meta prevista no planejamento estratégico da entidade.
Segundo ela, a pandemia afetou toda a cadeia produtiva da cooperativa, que tinha 80% do seu faturamento vindo do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), e tornou necessário ampliar as possibilidades de oferta dos produtos.
“Acessar os mercados de varejo passou a ser uma questão de sobrevivência para todas as cooperativas.”
De acordo com Dionete, a negociação só foi possível porque a cooperativa contou com a articulação da Central do Cerrado e de outros parceiros. Além disso, o Sebrae Minas deu o suporte técnico que ajudou na reestruturação de todo o processo de produção, repaginação da marca e otimização da cadeia produtiva.
Nos últimos dois anos, por meio de uma consultoria especializada, ele ajudou na remodelagem da política comercial e estratégica da cooperativa com o objetivo de abrir novos mercados para seus integrantes.
“Capacitamos os gestores no que diz respeito à comercialização, novas embalagens e posicionamento. Em um ano extremamente desafiador, também levamos informações sobre a realidade do mercado, ajudando na inserção competitiva”, explica Daniele Moreira, analista do Sebrae Minas.
Para o consultor Gustavo Vanucci, responsável pelo processo de reestruturação da Copabase, a parceria com o Carrefour é um marco na história da agricultura familiar brasileira.
“Para os produtores associados foi uma grande conquista. Após dois anos de consultoria, tornamos a cooperativa competitiva, o que permitiu a comercialização e distribuição dos produtos no mercado brasiliense”, destaca.
Castanha de baru nos Estados Unidos
Outra conquista importante da cooperativa, alcançada em parceria com a Central do Cerrado, foi a venda direta de oito toneladas de castanha de baru para os Estados Unidos, feita na última semana.
A exportação do fruto típico do cerrado é uma ação pioneira para a região do Grande Sertão Veredas.
“Fechamos um contrato de cinco anos com a empresa Botânica Origens para o fornecimento do produto. Nossas castanhas serão vendidas para o mercado norte-americano por meio da plataforma da Amazon”, comemora Dionete.
Agricultores familiares de Minas
Fundada em 2008, no município de Arinos, a Copabase é uma cooperativa formada por agricultores familiares e extrativistas do Grande Sertão Veredas, localizado na região Noroeste de Minas Gerais.
O empreendimento, que tem no beneficiamento e na comercialização de frutos do cerrado sua principal fonte de renda, possui, atualmente, 130 produtores cooperados e cerca de 300 famílias envolvidas com a cadeia do baru.
*Estagiária sob supervisão