A crise no turismo internacional, causada pela pandemia do coronavírus, pode custar mais de US$ 4 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) global nos anos de 2020 e 2021, segundo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês). Especialistas da Organização Mundial do Turismo (Unwto, na sigla em inglês), que também contribuíram com o documento, afirmam não esperar que o setor alcance os níveis pré-pandêmicos até, no mínimo, 2023.
Para 2021, em comparação a 2019, a perda no turismo internacional será de US$ 1,7 trilhão a US$ 2,4 trilhões, prevê a Unctad. Os programas de estímulos de cada país não são considerados na conta.
Do mesmo modo que a vacinação contra covid-19 não ocorre de maneira homogênea pelo mundo, os impactos sobre o turismo também serão distintos. De acordo com a Unctad, países em desenvolvimento são os que mais vêm sofrendo com as implicações da pandemia no turismo. A estimativa é que tenham perdido entre 60% e 80% dos visitantes internacionais em 2020. "A distribuição assimétrica de vacinas amplia o golpe econômico que o turismo sofreu nos países em desenvolvimento, já que eles podem responder por até 60% das perdas globais do PIB", afirma a entidade em relatório.
Na Turquia, por exemplo, o turismo internacional corresponde a 5% do PIB. Com queda de 69% no setor em 2020, a perda direta foi de US$ 33 bilhões. Porém, com o impacto a serviços interligados - como alimentos, bebidas, varejo, comunicações e transporte -, o prejuízo da Turquia foi de US$ 93 bilhões, quase o triplo do valor inicial, segundo análise da Unctad. Políticas do país amenizaram o choque.
O desemprego também é uma consequência da falta de turistas. A redução do turismo causa em média um aumento de 5,5% na taxa de desemprego de mão de obra não qualificada, de acordo com o relatório. A proporção varia de 0% a 15%, a depender da relevância do turismo na economia.
O cenário do turismo no mundo se mostrou pior do que o esperado pela Unctad. Em julho do ano passado, a estimativa de perda para 12 meses de pandemia ficava entre US$ 1,2 trilhão e US$ 3,3 trilhões, incluindo gastos indiretos. Como aponta o relatório, mesmo o pior cenário projetado pela entidade revelou-se otimista, uma vez que viagens internacionais continuam em baixa mesmo após 15 meses desde o início da crise do coronavírus.
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