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Estado de Minas ECONOMIA FORMAL

Da construção ao e-commerce, confira os empregos abertos em Minas

Vagas com carteira começam a mostrar reação, em parte retomando cargos extintos nas empresas mais afetadas pela pandemia, e impulsionadas pelas vendas digitais


11/07/2021 04:00 - atualizado 11/07/2021 11:02

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

"Consegui entrar em uma empresa do ramo de combate a incêndios que cumpre com as normas. É uma área nova e que tem crescido bastante"

Gleisiani Santos Costa, técnica de segurança, 39 anos

Mapear a geração de empregos formais, neste ano, é como rascunhar sobre estatísticas de recuperação ainda tímidas, mas que jogam luzes no cenário de incerteza que cobre o mercado de trabalho no país desde o início de 2020, quando as contratações se afunilaram até quase desaparecer.

Em Minas Gerais, são os homens, em número bem maior que as mulheres, com idade entre 18 e 39 anos e o ensino médio completo que mais se beneficiam da reabertura de vagas nas empresas desde janeiro.


Boa parte desse movimento consiste na retomada de cargos eliminados depois do avanço da pandemia de COVID-19 no setor de prestação de serviços, na indústria e no comércio, que voltaram a trabalhar num ambiente de menor restrição à circulação de pessoas em várias cidades do estado e do Brasil afora.

Profissionais das áreas de programação e desenvolvimento de sistemas de computação e do marketing digital, além de vendedores tanto em modo on-line quanto presencial lideram a relação de vagas mais ofertadas  apurada pelo Estado de Minas junto a três das maiores agências de recrutamento de mão de obra em Minas, o Sistema Nacional de Emprego, o grupo Selpe e a Conape Recursos Humanos.

Os salários têm larga faixa de variação. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio real no país (descontada a inflação) de R$ 2.532 mensais entre fevereiro e abril caiu 1,7% frente ao trimestre anterior e 1,5% ante o mesmo período do ano passado.

Técnicos industriais das áreas de mineração, siderurgia, produção de alimentos e veículos também estão entre as funções mais contempladas, ao lado de trabalhadores da saúde, sobretudo enfermeiros e técnicos de enfermagem, e do transporte.

Com destaque, surgem, da mesma forma, as admissões na construção civil, que têm puxado a reação do emprego com carteira assinada, assim como a boa notícia da volta dos programas de estágio e trainee em grandes organizações.

Na briga pela recolocação, diante do número recorde de desempregados, – em Minas alcança 1,5 milhão –, o bom currículo não garante a contratação. As exigências das empresas costumam crescer em tempos de crise e os candidatos às vagas precisam mostrar atributos como saber trabalhar em equipe, ser proativo, ter criatividade e inventividade, buscar ampliar os conhecimentos com cursos de formação de longa e curta durações.

Tecnologia empregadora

O desempenho excepcional do comércio eletrônico e a necessidade que as empresas tiveram de investir na tecnologia para garantir o funcionamento do trabalho remoto e a segurança dos seus sistemas são fundamentais para entender a retomada do emprego e não só das vagas formais, como destaca Hegel Botinha, sócio-diretor do Grupo Selpe, que mantém unidades para recrutamento de mão de obra em Belo Horizonte, Contagem, Conselheiro Lafaiete, Uberlândia, São Paulo, Recife e Goiânia.

“O mundo digital cresceu muito, assim como toda a parte de segurança da informação, estimulado pelo boom do e-commerce; e os programas de trainees e estágio estão voltando. Isso significa que as empresas vislumbram crescimento”, afirma.

Outro fator que explica a reação da oferta de vagas é a reabertura das empresas do setor de serviços, as mais afetadas pelas medidas necessárias de distanciamento social para deter o coronavírus, junto à campanha de vacinação contra a COVID-19.
 
(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)

"É uma área (sistemas de computação) em constante evolução, inclusive com a criação de novas especializações e profissões"

Gustavo Arnaldo da Silva, desenvolvedor de software, 32 anos

 
Foram motivos suficientes de comemoração para o desenvolvedor de softwares Gustavo Arnaldo da Silva, de 32 anos, contratado em junho para trabalhar na empresa Reev, com sede em BH, especializada em serviços de gestão comercial. Graduado em ciências da computação e pós-graduado em desenvolvimento full stack, ele vê com otimismo a expansão desse mercado.

“Existem muitas oportunidades de emprego com bons salários e benefícios. É uma área em constante evolução, inclusive com a criação de novas especializações e profissões. Estimativas para o setor indicam que o número de empregos aumentará mais rápido do que o número de profissionais qualificados”, diz Gustavo Silva enumera vantagens de atuar no setor de tecnologia, como plano de carreira e horários flexíveis.

O campo de trabalho alcança as empresas inovadoras e com capacidade de expansão rápida, conhecidas como startups.

Gustavo tem aspirações de se qualificar mais na atividade, e essa é umas das recomendações de Hegel Botinha a quem está buscando emprego. “O entusiasmo pelo aprendizado, a automotivação, duas ou três formações diferentes, além das formações de curta duração, são buscados pelas empresas nesse mundo novo”, afirma.

Os trabalhadores com formação técnica, por sua vez, tiveram destaque no perfil das contratações feitas no mercado formal em Minas Gerais que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, captou de janeiro a maio último. Houve 857.392 admissões no estado e 704.249 demissões, perfazendo diferença positiva de 153.143 vagas.

O saldo voltou a crescer após ter diminuído durante dois meses. No ano passado, as dispensas haviam superaram as contratações em maio e dezembro, quando 38.559 e 7.092 oportunidades, respectivamente, foram eliminadas.

A demanda desses profissionais reflete a expansão de ramos da indústria e dos prestadores de serviços impactados em cadeia até mesmo pelo setor de saúde, devido à crise sanitária, observa José Carlos Teixeira, diretor comercial da Conape Recursos Humanos.

“Determinadas áreas tiveram crescimento durante a pandemia. A própria saúde puxou segmentos da indústria como os de produtos de limpeza, de equipamentos e os próprios equipamentos de proteção individual e eles não deixaram de contratar”, diz.

Fruto desse dominó na produção e que repercute no setor de serviços, a técnica de segurança Glausiene Santos Costa, de 39, conseguiu recolocação profissional em janeiro último, após ter enfrentado o desemprego durante dois anos.

“Queria muito voltar à trabalhar na área. Consegui entrar em uma empresa do ramo de combate a incêndios que cumpre com as normas. É uma área nova e que tem crescido bastante”, conta. Especializada em controle de incêncios, a empresa Rival do Fogo, com sede em Contagem, na Grande BH, apurou aumento de 10% de sua receita e contratou oito pessoas nos últimos meses.
 

Atendimento se adapta a meio remoto e agenda

 
Com 133 unidades de atendimento em 120 municipios de Minas Gerais, parte delas abrigadas em prédios das prefeituras, o Sistema Nacional de Emprego (Sine-MG) captou 8.454 vagas formais no mes passado, quase o dobro das oportunidades que a rede de agências ofereceu no mesmo mês do ano passado (4.399). A diferença requer cautela em qualquer análise sobre o resultado, tendo em vista a base fraca de comparação dos dados com 2020, período em que o combate à COVID-19 exigiu o fechamento de vários serviços oferecidos pelo setor público.

A oferta do emprego praticamente secou e só voltaram a surgir vagas, aos poucos, no fim de 2020, depois da flexilibização da quarentena, informa Ângela Márcia Alves de Souza, diretora de Gestão do atendimento ao trabalhador da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). “O ano de 2020 foi tão atipico que chegamos a imaginar que nem sequer deveríamos contabilizá-lo na nossa estatística”, afirma.

Confrontado com o universo de 17.579 trabalhadores que o Sine/MG encaminhou aos processos de seleção de mão de obra abertos pelas empresas e as 66.745 pessoas atendidas nos postos, torna-se mais evidente a percepção da batalha dos trabalhadores à procura de emprego. A estatística de atendimentos inclui quem vai as agências para pedir o seguro -desemprego e, por norma do órgão, é cadastrado de imediato na busca por uma oportunidade de voltar a trabalhar.

Os empregos oferecidos a profissionais da construção civil lideram a recuperação da  captação de vagas do Sine/MG, seguidos por motoristas de caminhão, trabalhadores nas linhas de produçãao da indústria, soldadores, eletricistas de manutenção eletroeletrônica e vendedores do comércio varejista. Ângela Souza destaca que as oportunidades surgidas para os motoristas são reflexo do arsenal de entregadores que se tornaram necessários para viabilizar o comércio virtual após a crise sanitária provocada pelo coronavírus.

Concentração na faixa de 18 a 24 anos


A maioria das vagas oferecidas por meio da rede do Sine em Minas requer candidatos com idade entre 18 e 49 anos e que tenham o ensino médio completo. Com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, entre janeiro e maio os trabalhadores com 18 a 24 anos concentraram 60,3% do saldo do emprego formal em Minas, que foi de 153.143 vagas.

Quando considerada a soma dessa faixa etária às de pessoas com 25 a 29 e 30 a 39 anos, o resultado alcança concentração de 80% do saldo de postos de trabalho, ou seja, a diferença entre as admissões e demissões. o perfil dos contratados no estado é composto por 65% de homens e 35% de mulheres. Na análise por formação escolar, 70,4% dos empregos com carteira assinada foram preenchidos por pessoas com o ensino médio completo e incompleto.

Do ponto de vista dos setores que mais influenciaram na recuperação do emprego formal em Minas, a função de trabalhador na produção de bens e serviços industriais concentrou 39% do total. Juntando a esse grupo os profissionais da área de serviços em geral, comércio e mercados, chega-se a dois terços das vagas. Os maiores saldos em Minas nos primeiros cinco meses de 2021 foram observados nas regiões central, Sul e no Triângulo. Destacaram-se os municipios de BH, Uberlândia, Betim, Contagem e Ipatinga.

A despeito da preferência pelos mais jovens na seleção de mão de obra, Hegel Botinha, diretor do Grupo Selpe, e também head de transformação digital, lembra que grandes empresas têm adotado programas de equidade nas contratações. “É um processo que começa, é saudável e veio para ficar. Preocupadas, grandes empresas abriram o leque para contratar mulheres e negros e se abriram também a uma amplitude maior de faixas etárias”, afirma.

Ângela Márcia Souza, da Sedese, observa que o governo estadual lançou um programa, batizado de Recomeço, com o objetivo de buscar oportunidades para trabalhadores vulneráveis inscritos no chamado CadÚnico e que perderaram emprego devido à crise sanitária. A captação de vagas é feita em articulação de representantes do estado junto a grandes empresas se sindicatos de trabalhadores.

Cadastramento


O Sine/MG atendeu 1,9 milhao de pessoas na forma presencial em 2019. Neste ano, até maio, realizou 350 mil atendimentos com a presença de trabalhadores. Devido às necessárias medidas de distanciamento social, o cadastramento e a procura de vagas têm sido estimulados pelo site https://imo.maisemprego.mte.gov.br/imoweb/ e por aplicativos. A rede tem feito atendimentos por agendamento. (MV)


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