“Só sei agradecer”, disse a jovem Rayssa Leal após gravar seu nome na história dos Jogos Olímpicos nesta segunda-feira (26), quando conquistou medalha de prata na categoria street skate das Olimpíadas de Tóquio-2020. No ramo dos negócios ligados à modalidade esportiva, a gratidão é certamente recíproca. Graças à vitória da “Fadinha”, o movimento nas lojas de skate da capital mineira amanheceu quente.
“Nunca vi uma segunda tão movimentada por aqui. Abrimos as portas às 9 horas. Às 10, já não havia mais vagas no nosso estacionamento para clientes. As ligações e mensagens do público nas nossas redes sociais atrás dos nossos produtos também não param”, conta Alexandre Dantas, coordenador da Blunt Skate Shop, misto loja e escola para praticantes do esporte radical que funciona no Bairro Carmo, Região Centro-Sul da cidade.
As pistas de treino instaladas no local também estão cheias. Segundo Dantas, a procura por aulas avulsas de street skate (praticado em ambiente que imita a arquitetura da cidade) e vertical skate (realizado em um longas estruturas curvas) é intensa desde o início da manhã.
“Muitas meninas nos procuraram, mas não só elas. Os adultos também se animaram”, relata o funcionário, que projeta expressivo aumento nas vendas nas próximas semanas. “Não me arrisco a cravar números mas, com certeza, vem aí um excelente momento”.
O investimento para quem quer se aventurar nas pranchas urbanas não é dos mais baratos.
O kit inicial para crianças, que inclui o skate, além dos apetrechos de proteção - capacete, tornozeleira, cotoveleira, joelheira e protetor de prunho - custa, em média, por R$ 800 reais na Blunt Skateshop. O equipamento profissional usado por Rayssa não sai por menos de R$ 2.500.
Na 90 Gold Skate Shop, instalada há 15 anos na Praça Sete, Centro de BH, o sócio Mateus Silva diz que as vendas andam aquecidas desde janeiro, fenômeno que ele credita, em parte, à popularidade das meninas Rayssa e Letícia Bufoni nas redes sociais.
“A procura aqui cresceu em torno de 30%. Não só por causa delas, claro. Houve também uma corrida às lojas em função da reabertura da cidade. As pistas e as lojas especializadas ficaram fechadas por mais de 6 meses.Com a retomada das atividades, o público voltou animado. Mas a gente, com certeza, também recebe muitos pais que vêm comprar pranchas para as crianças, principalmente as meninas, por influência da Rayssa e da Letícia”, afirma o empresário.
Na JD Skate Shop, situada no Barreiro, o social media começou o dia nas redes sociais do estabelecimento com posts sobre Rayssa e diz que não deve mudar de assunto tão cedo. A empresa, no entanto, não planeja criar campanhas ou ações de marketing surfando na onda da conquista da jovem maranhense.
“Acreditamos que é desnecessário, seria até uma ‘forçação de barra’. O skate, mais do que um esporte, é um estilo de vida marcado pela simplicidade, pelo despojamento. Acreditamos que a influência da Rayssa sobre o público virá naturalmente. Ela conquistou o Brasil pela simplicidade característica dessa atividade. Este já é o segredo do negócio, não é preciso forçar nada”, pondera Wanderson Reis, responsável pelo marketing digital da JD Skate Shop.