Com o avanço da vacinação e a flexibilização das regras de isolamento social, os belo-horizontinos voltam a frequentar bares e restaurantes. Em Belo Horizonte, a expectativa é de que o setor feche o semestre de 2021 com faturamento similar ao de 2019, em um cenário pré-pandemia.
Atualmente, o funcionamento com atendimento ao público de bares e restaurantes só é permitido até as 23h. Com base no aumento do número de vacinados, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), Matheus Daniel, pede à Prefeitura de Belo Horizonte que acabe com as restrições de horário.
“Os indicadores que monitoram o avanço do vírus em BH, por exemplo, estão em verde, segundo o boletim epidemiológico mais recente, fato que não acontecia desde 9 de novembro. Um claro reflexo do quanto os imunizantes são eficazes para controlar a pandemia”, defende.
De acordo com o decreto publicado pela PBH em julho, além da restrição de horário, são permitidas seis pessoas por mesa.
“Com mais tempo para trabalhar, mesmo com os protocolos de distanciamento, que são necessários, o nosso resultado financeiro, sem dúvida, ficará ainda mais positivo e a recuperação será mais rápida”, frisa o presidente.
Empresários estão otimistas com a perspectiva de retomada
Após um ano e meio de inúmeros desafios para o setor, lentamente a população brasileira volta a buscar opções de lazer e entretenimento fora de casa. A badalada Rua Alberto Cintra, na Região Nordeste de BH voltou a ser frequentada por jovens e adultos que buscam a boemia da capital mineira.
O empresário Marlon Saraiva, sócio do Piratas BBQ, localizado na Alberto Cintra, conta que o retorno dos clientes às mesas do estabelecimento tem sido bem satisfatório. “Atendemos hoje uma média de 150 a 180 (clientes) por dia, entre sexta-feira e domingo.”
Segundo Marlon, os números representam um crescimento de 50% a 60% no faturamento em relação a junho, época em que foram autorizados pela PBH a funcionar diariamente, das 11h às 22h.
Ao colocar no papel a expectativa de lucro do estabelecimento até o final do ano, em comparação aos últimos seis meses de 2020, o empresário é ainda mais otimista. “Nossa estimativa é terminar 2021 com um acréscimo de 100% no faturamento em relação ao segundo semestre do ano passado”, afirma.
Em 2020, as vendas foram bem afetadas, segundo ele. “Funcionamos apenas nos meses de setembro, outubro e novembro, mesmo assim com restrições severas. Também não tínhamos vacina, então o movimento era bem abaixo do que é hoje”, conclui.
Para ele, com a imunização, as pessoas se sentem mais seguras para voltar à vida social, mesmo com os protocolos sanitários.
Outro empresário que está otimista com o desempenho das vendas neste segundo semestre é Fabrício Lana, proprietário do restaurante Boi Vitório, localizado no alto da Avenida Afonso Pena, Bairro Mangabeiras. Ele antevê um crescimento de 20% a 30% no faturamento em comparação ao mesmo período de 2020.
Fabrício acredita no papel essencial da vacina para a retomada do comércio. “Só ela (a vacina) poderá controlar a transmissão do vírus e impedir o surgimento de novas variantes. Além de permitir que a população circule e consuma com mais segurança, o que é fundamental para a roda da economia girar”, comenta.
Empresas de alimentação
Segundo o presidente da Abrasel-MG, apesar de o cenário ser positivo para o setor, ele não pode dizer o mesmo da lucratividade das empresas de alimentação fora do lar. Impactada pela crescente inflação e alta no valor dos alimentos, os restaurantes vêm diminuindo os ganhos.
O acumulado dos últimos 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado no último dia 10 pelo IBGE, é de 8,99%. A taxa é a mais alta desde maio de 2016, quando ficou em 9,32%.
Matheus Daniel reitera a dificuldade, ainda, com o pagamento dos empréstimos realizados no pior momento da pandemia. “Somado a isso temos que pagar todos os empréstimos decorrentes do longo período de fechamento”, completa.
*Estagiária sob supervisão