A mineira Algar Telecom está se preparando para entrar de vez no mercado nacional de banda larga, no qual vai bater de frente com provedores regionais e grandes teles. A companhia já tem uma rede de 110 mil quilômetros de fibra óptica, que atravessa 16 Estados. Trata-se de uma das maiores redes do País. A mais extensa é a da Oi, que passa dos 400 mil km.
A companhia começou no setor de banda larga sem grande alarde, com prioridade em oferta de internet e serviços de tecnologia para empresas. O consumidor final é atendido apenas em sua área de concessão, em Minas Gerais. A ideia, a partir de agora, é aproveitar a infraestrutura em 16 Estados para entrar no mercado residencial, com pacotes de banda larga de alta velocidade a preços competitivos.
"Estamos pensando seriamente em expandir nossa fronteira", diz o presidente da Algar Telecom, Jean Carlos Borges, ao Estadão/Broadcast. A estratégia ainda está em fase de maturação, mas há grandes chances de se tornar realidade no curto prazo. Para levar o projeto adiante, a tele terá de avançar no "last mile" - isto é, levar a fibra da espinha dorsal até a casa dos consumidores - tarefa que Borges considera bem mais fácil do que começar do zero.
Se confirmada, a nova estratégia vai correr paralelamente às franquias da Algar. A operadora inaugurou esse modelo em 2017. Aqui, o franqueado implementa a rede e providencia equipe técnica, instalação e manutenção de serviços (fixo, internet, celular e TV), enquanto a Algar cede a infraestrutura e oferece suporte especializado. A companhia já chegou a 80 cidades nesse modelo. Ao levar banda larga até o consumidor final por conta própria, a Algar evitará cidades nas quais tem franquias, para evitar conflitos.
Por trás do interesse da Algar, está um mercado com muito espaço para crescer. Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) indicam que o Brasil encerrou junho com 37,1 milhões de acessos em rede de banda larga, o que ainda deixa boa parte da população descoberta. Além disso, apenas metade da rede é construída com fibra óptica, que oferece as maiores velocidades de navegação.
A competição está crescendo a passos largos, especialmente com os provedores de bolso cheio. Neste ano, três empresas do setor - Unifique, Brisanet e Desktop - levantaram em torno de R$ 2 bilhões, por meio de ofertas iniciais de ações. A Vero também busca a Bolsa, numa oferta de ações que quer arrecadar mais de R$ 1 bilhão. Do lado das grandes teles, a competição tende a aumentar após Oi, Vivo e TIM criarem subsidiárias destinadas à construção de redes de fibra ao lado de parceiros financeiros.
Aquisições
A tele mineira tem demonstrado bastante apetite por aquisições. Neste mês, foi concluída a compra da Vogel Telecom por R$ 600 milhões. Antes, foram outras três transações: a provedora Smart (de Pernambuco), em 2019, por R$ 49,8 milhões; a Cemig Telecom (que atua em Goiás, Bahia, Pernambuco e Ceará), em 2018, por R$ 77,8 milhões; e a Optitel Redes (presente em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), em 2015, por R$ 56,5 milhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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