No mês de julho, lavouras do Sul de Minas foram tomadas pela geada que atingiu a região. As plantações ganharam manchas amarronzadas e parte dos cafezais foi queimada. O cenário de destruição indicou perdas significativas para as próximas safras. De acordo com Adelson Costa, dono da Empresa Costa Comissaria de Cafés, antes da geada, o mercado já tinha reajustado o valor do café por ser um ano de safra baixa. Mas a queima do café levou ainda a um aumento de 30% no mercado.
Bruno Rodrigues Magalhães é produtor rural e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Nepomuceno, no Sul de Minas. A região onde ele atua sofreu muito com a geada. “Como produtor, acredito que tivemos um prejuízo de 30% na safra e que a seca tenha tirado uns 10%, que já vêm do ano passado. E se não chover nos próximos dias isso pode aumentar e no total, passar dos 50%”, afirma.
Além do impacto da geada com a perda de parte da produção da próxima safra, os insumos também tiveram aumento e, segundo o corretor, contribuíram para a alta do café. “Quem se prejudicou foi quem pegou a geada. Inclusive, há produtores no Sul de Minas que não foram atingidos. Logicamente, que os preços dos insumos subiram, o que é normal. E com certeza, os que não foram atingidos estão beneficiados, porque vão continuar colhendo a mesma quantidade, e mesmo que com a alta do preço dos insumos eles estão ganhando. E quem tomou geada está perdendo, pois vai colher menos café e continuar pagando pelos insumos mais caros. Essa é a realidade”, analisa Costa.
Segundo o produtor, o aumento no preço do café agora foi necessário para garantir a produção da próxima safra. “Os insumos iam subir de qualquer forma, se o café não acompanhasse, nós produtores não teríamos condições de produzir. Como teríamos um ano de safra alta, a geada e seca potencializaram as perdas. Isso gerou menor oferta e consequentemente maiores preços para o produtor e também para o consumidor final. Apesar de a margem para o produtor ainda ficar pequena, os insumos dobraram e o café subiu cerca de 30%”, diz Bruno.