A crise dos semicondutores já se arrasta desde os primeiros meses do ano e continua atingindo em cheio o mercado automotivo, particularmente a produção de carros zero. São componentes eletrônicos presentes em várias partes de um veículo que, com a pandemia, acabaram sendo direcionados para a fabricação de eletrônicos e eletrodomésticos, criando uma lacuna nas linhas de montagem de automóveis novos.
Os prazos pedidos para a entrega aumentaram, e o cenário de escassez de carros zero e peças também é observado com a paralisação ou suspensão parcial no trabalho de importantes montadoras no Brasil. "Os transtornos nas montadoras já afetam a produção no país, com mais de 250 mil veículos deixando de ser feitos e, no mundo, devem ser mais de 7 milhões de carros a menos em 2021", afirma o diretor comercial da AutoMAIA Veículos, revenda de seminovos e usados referência em Belo Horizonte, Flávio Maia.
O resultado é uma procura e valorização maiores dos modelos seminovos e usados, o que é constatado no país como um todo. "Depois de cerca de um ano em uma curva crescente, os resultados do setor em agosto estão mais modestos, mas isso não quer dizer um problema, por enquanto. Na verdade, os seminovos e usados estão valorizados em um nível como nunca estiveram. É a hora de vender. Quem tem um carro e não usa tanto, esse é um momento oportuno", diz o empresário.
BALANÇO
O volume de vendas de seminovos e usados em agosto manteve, mais uma vez, o viés positivo, registrando um aumento de 1% em relação ao mês de julho. São os dados da Fenauto, entidade que representa o setor de lojistas de veículos multimarcas do Brasil. No relatório que acaba de ser divulgado, também constam outras informações relevantes, como o paralelo com o mês de agosto de 2020 - o registro é de um aumento de 13,8%.
No comparativo acumulado do ano, a evolução também é positiva em 47,2% com relação ao mesmo período do ano passado. Em agosto foram comercializadas 1.438.855 unidades, contra 1.424.130 em julho. "É um cenário positivo que deve influenciar no bom fechamento do ano. São muitos os fatores que podem repercutir na economia como um todo. As perspectivas otimistas para 2021 ainda são reflexos da alta procura pelos seminovos e usados, muito ainda diante das limitações para a aquisição de veículos zero quilômetro", acrescenta Flávio Maia.
No recorte para Minas Gerais, o número de vendas de carros seminovos teve um aumento de 2,8% na comparação com julho e crescimento de 8% no paralelo com agosto de 2020. No acumulado de 2020, no período equivalente, incremento de 32,9%.
Ao contrário de outras crises, a verdade é que não há queda na demanda no setor automotivo em geral. "Para os carros novos, o problema está na dificuldade em aumentar a produção pela falta dos semicondutores", aponta Flávio Maia. "Por sua vez, o volume de negócios no segmento de seminovos e usados está crescendo no Brasil. Para quem deseja vender um carro, é uma chance para ter uma renda extra, até para realizar novos investimentos", conclui.