Após decidir fechar suas três fábricas no Brasil e passar a ser importadora, a Ford resolveu adotar na América do Sul a mesma estratégia que o grupo americano tem em outras regiões na produção de veículos comerciais - segmento que vem crescendo no mundo todo -, que é a terceirização da produção.
Assim como faz na China, na Turquia e na Rússia, a Ford fez parceria com a empresa Nordex, do Uruguai, para produzir a Transit em versões furgão e van. Há empresas brasileiras fornecendo peças para a produção, mas o número não foi revelado ontem, quando a montadora apresentou o veículo à imprensa local.
O grupo criou no País uma divisão específica para a venda de comerciais leves. A Transit estará à venda no País ainda neste ano, primeiro na versão minibus para transporte escolar e turismo. No próximo ano, chega a versão furgão, para transporte de cargas.
A Transit será vendida nos cerca de 110 pontos de venda de concessionárias da marca que foram mantidos após a reestruturação que se seguiu ao anúncio do fim das operações locais. É menos da metade do que a marca tinha quando vendia automóveis, ou 287 revendas.
O vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb, explica que um dos motivos para a alta procura de furgões em todos os mercados é o crescimento das vendas online, principalmente após o início da pandemia de coronavírus.
A empresa estima um mercado de 66,6 mil minibus e furgões na América do Sul neste ano (alta de 15% em relação a 2020), e de 33,1 mil para o Brasil (alta de 7% ante o ano passado).
A decisão pela parceria com a Nordex, segundo Golfarb, é o padrão da qualidade na produção em volumes mais baixos de veículos, a equação de custos e a experiência no ramo. O grupo já produz o Peugeot Expert, o Citroën Jumpy e o Kia Bongo.
Com fábrica na região, a Ford também continua se beneficiando do acordo de redução de tarifas do Mercosul, assim como o livre comércio no futuro.
As duas empresas compartilharam investimento de US$ 50 milhões em uma linha exclusiva para a produção da Transit, veículo que é líder em vendas no segmento nos EUA e na Europa.
A Ford afirma que a vantagem da Transit em relação aos concorrentes será um inédito serviço de conectividade que permitirá acesso rápido a atendimentos para manutenção, resolução remota de problemas, envio de reboque, entre outros.
Entre os concorrentes, estão o Renault Master, a Mercedes-Benz Sprinter, o Hyundai HR, o Iveco Daily e o BYD T-3, o único na versão elétrica.
Pelos dados da Fenabrave (representa as concessionárias), foram vendidos até agosto 22.122 furgões, 15,8% a mais em relação ao mesmo período de 2020.
A Ford negocia a venda das três fábricas em São Paulo e na Bahia, mas não recebeu nenhuma proposta efetiva de compra.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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