O resultado das transações correntes ficou positivo em agosto deste ano, em US$ 1,684 bilhão, informou nesta sexta-feira, 24, o Banco Central. Este é o segundo maior superávit para meses de agosto desde o início da série histórica do BC (em 1995), e o melhor desempenho desde 2006, quando o saldo positivo recorde foi de US$ 2,127 bilhões no mês.
O número de agosto ficou acima da mediana, de US$ 1,075 bilhão, das estimativas do
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, que tinha intervalo de déficit de US$ 223 milhões a superávit de US$ 3,30 bilhões. O BC projetava para o mês passado superávit de US$ 1,1 bilhão na conta corrente.
Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 5,648 bilhões em agosto, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,577 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 2,601 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 1,724 bilhão.
No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o rombo nas contas externas soma US$ 6,539 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit em conta corrente de US$ 3 bilhões em 2021. A projeção deve ser atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na próxima semana.
Nos 12 meses até agosto deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 19,505 bilhões, o que representa 1,23% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o menor déficit em proporção do PIB desde janeiro de 2018, quando ficou em 1,11%.
Remessa de lucros e dividendos
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 1,817 bilhão em agosto, informou o BC. A saída líquida é ligeiramente inferior aos US$ 1,859 bilhão que deixaram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas.
No acumulado dos oito primeiros meses do ano, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 14,492 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2021 some US$ 28 bilhões. A projeção deve ser atualizada no RTI, na próxima semana.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 794 milhões em agosto, ante US$ 986 milhões em igual mês do ano passado. No acumulado do ano até agosto, essas despesas alcançaram US$ 15,631 bilhões.
Viagens internacionais
Ainda sob os efeitos da pandemia de covid-19 na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 195 milhões em agosto, segundo informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em agosto de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 123 milhões.
Na prática, com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram desde o ano passado. A pandemia de covid-19 ganhou corpo a partir de março de 2020, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.
O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 447 milhões. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 252 milhões no mês passado.
No acumulado do ano até agosto, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,089 bilhão. No mesmo período do ano passado, o déficit nessa conta foi de US$ 1,892 bilhão.
Dívida externa
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em agosto é de US$ 321,616 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2020 terminou com uma dívida de US$ 310,807 bilhões. A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 254,610 bilhões em agosto, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 67,006 bilhões no fim do mês passado.
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