Assim como em agosto, o recuo das cotações internacionais do minério de ferro, com impacto nos preços no atacado, puxaram a deflação do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em setembro, mas, no mês passado, o alívio veio também de outras commodities importantes, como milho, soja e bovinos. A queda de 0,55% no IGP-DI de setembro, informada mais cedo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), foi concentrada no IPA-DI, que mede os preços no atacado, já que o IPC-DI, que monitora preços ao consumidor, saltou 1,43%.
Com mais commodities em queda, o IPA-DI aprofundou a deflação, recuando 1,17%, ante queda de 0,42% em agosto. Os preços do minério de ferro tombaram 22,11% (ante -21,39% em agosto). O milho em grão recuou 5,10% (ante alta de 5,26% em agosto) e os bovinos ficaram, em média, 2,69% mais baratos (ante queda de 0,24% em agosto). O preço médio da soja em grão registrou queda de 0,32% (ante alta de 4,25% em agosto). Ainda no atacado, o ovo ficou 2,94% mais barato em setembro (ante alta de 4,49% em agosto).
Mesmo itens que tiveram impacto de alta no IPA-DI perderam ritmo de alta em setembro. O café em grão avançou 7,83%, ante um salto de 15,10% em agosto. Já adubos e fertilizantes ficaram 4,23% mais caros em setembro, abaixo da alta de 7,72% registrada em agosto.
Por outro lado, aceleraram as taxas de variação de itens como açúcar cristal (de 2,37% em agosto para 9,32% em setembro), açúcar VHP (de 2,75% para 9,17%) e farelo de soja (de -2,94% para 4,39%).
Já a aceleração da inflação ao consumidor, já esperada, foi puxada pelos vilões dos últimos meses, a conta de luz e a gasolina. A tarifa de eletricidade residencial passou de uma alta de 0,93% em agosto para um salto de 8,52% em setembro. A variação dos preços da gasolina acelerou de 1,14% em agosto para 3,38% em setembro.
Com isso, cinco das oito classes de despesa componentes do IPC-DI registraram acréscimo em suas taxas de variação: Habitação (de 0,59% em agosto para 2,59% em setembro), Educação, Leitura e Recreação (1,03% para 2,90%), Transportes (0,69% para 1,50%), Comunicação (0,05% para 0,39%) e Despesas Diversas (0,18% para 0,30%).
Na contramão, desaceleraram a alta dos preços nos grupos Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,49% em agosto para 0,14% em setembro), Alimentação (1,25% para 1,09%) e Vestuário (0,38% para 0,28%). O destaque no alívio da inflação de alimentos foi o item hortaliças e legumes, que passou de um salto de 4,25% em agosto para 2,51% em setembro.
Além disso, apesar da inflação mais salgada ao consumidor, a alta de preços foi menos generalizada em setembro. O índice de difusão do IPC-DI, que mede a proporção de itens com taxa de variação positiva, ficou em 65,48% em setembro, 12,58 pontos porcentuais abaixo do registrado em agosto, quando o índice foi de 78,06%.
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