A produção mineral no Brasil teve um aumento de cerca de 9% entre janeiro e agosto deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram produzidas 833 milhões de toneladas, contra 760 milhões de toneladas no mesmo período de 2020. Os dados do setor foram divulgados nesta quarta-feira (6/10), pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), durante a feira Exposibram, realizada em formato virtual.
O faturamento das mineradoras ficou em R$ 219,9 bilhões, contra R$ 103,7 bilhões no mesmo período de 2020, um crescimento de 112%. Em 2020, o faturamento anual foi de R$ 209 bilhões. Assim, no período de janeiro a agosto deste ano, esse número já foi superado.
“Vamos fechar o ano com número bem mais representativo do que o ano de 2020”, afirmou Wilson Brumer, presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Faturamento por estado
Minas Gerais teve destaque, ficando na segunda posição como o estado que mais faturou, perdendo apenas para o Pará. Minas registrou um crescimento de 144%, entre janeiro e agosto deste ano, com R$ 93,8 bilhões contra R$ 38,5 bilhões registrados no mesmo período de 2020.
Bahia, Goiás, Mato Grosso e São Paulo foram os outros estados que também registraram alta no faturamento neste período.
Para Brumer, as principais causas do faturamento em Minas têm relação com a retomada das atividades de algumas mineradoras, entre elas a Samarco.
“Tem a ver com a retomada de algumas operações que, no período de janeiro e agosto do ano passado estavam semi paralisadas, dando como exemplo a própria retomada da Samarco, que ocorreu este ano. Como consequência tivemos esse acréscimo.”
Minério de ferro
Ele destacou ainda que China e Austrália têm enfrentado algumas disputas, e Minas tem tirado bastante proveito dessa situação. “É uma das principais razões do aumento de faturamento no estado", avaliou.
Os preços elevados das commodities no primeiro semestre de 2021 são os principais motivos dos aumentos no faturamento por substância.
Apesar da queda do preço do minério de ferro, principalmente em agosto, a commodity registrou o maior faturamento, de R$ 162 bilhões; em seguida vieram ouro, com R$ 18 bilhões, e cobre, com R$ 11 bilhões.
“De uma maneira geral, houve aumento de preços nos vários minerais, aliados à desvalorização da nossa moeda, razão pela qual, o faturamento do setor cresceu de forma tão substancial.”
Na avaliação do instituto, a redução no preço do minério de ferro, principal item da produção e da exportação mineral, não abalou os resultados do setor. A demanda global por commodities minerais deve continuar em expansão, ou pelo menos estável. Assim, a produção deverá se manter crescente, contribuindo para a recuperação da economia.
Comércio exterior
As exportações de minérios cresceram 93,6%, saindo de um total de US$ 21 bilhões no ano passado, para US$ 41 bilhões de janeiro a agosto deste ano.
“A exportação de minerais já representa mais de 20% do total exportado pelo Brasil. Isso é um dado importante que deve ser visto como um fator macroeconômico importante para a presença do Brasil no mercado internacional”, afirma Brumer.
Já as importações tiveram alta de 29% no mesmo período deste ano. O saldo dessas operações resultou em R$ 36 bilhões, crescimento de 107%. Assim, o saldo comercial de minérios passou a representar 69% do saldo comercial brasileiro total, contra 49% de janeiro a agosto de 2020.
Foram exportadas 243 milhões de toneladas. Em volume, a variação foi de quase 10%, mas em dólares, a elevação foi de 94% aproximadamente.
As exportações de minério de ferro totalizaram US$ 32,4 bilhões e, em volume, 233 milhões de toneladas. Uma variação de 127% em dólar e de quase 11% em volume. Também tiveram destaque as exportações de cobre, nióbio, pedras e revestimentos.
Já as exportações de manganês caíram 45% em dólar e 34% em volume e as de caulim decresceram 8% em dólar e 14% em volume.
Impostos
Com o aumento do faturamento, o setor mineral recolheu mais tributos. De janeiro a agosto deste ano a mineração recolheu R$ 76 bilhões em impostos aos cofres públicos. Isso representa 112% a mais do que no mesmo período em 2020, com R$ 36 bilhões recolhidos.
O royalty, que é a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), também apresentou crescimento, de 121%, passando de R$ 3 bilhões, nos oito primeiros meses de 2020, para quase R$ 7 bilhões neste ano.
Os maiores valores de CFEM estão relacionados à produção de minério de ferro: R$ 5,6 bilhões.
Segundo Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente do Ibram, esses valores devem ser investidos por estados e municípios em políticas de sustentabilidade econômica, que permitam gerar polos de emprego e renda para quando a atividade mineral se esgotar.
“O Ibram e outras organizações estão à frente de um projeto de desenvolvimento de territórios minerados justamente com o objetivo de apoiar esse planejamento de longo prazo por estados e municípios.”
O instituto informa que 2.547 municípios recolheram o tributo (CFEM), de janeiro a agosto deste ano. Estados do Sudeste e do Sul apresentam os maiores números de municípios, com destaque para Minas Gerais (488 municípios); São Paulo (343) e Rio Grande do Sul (212).
Investimentos nos próximos anos
De acordo com Wilson Brumer, entre 2021 e 2025, a estimativa de investimento para o setor é de US$ 41,3 bilhões.
“O que mostra a confiança dos empresários no Brasil. Acreditamos que isso deve refletir na contratação de empresas construtoras, máquinas, fornecedores de equipamento e, principalmente, empregos, no Brasil.”
Segundo ele, da estimativa de US$ 41 bilhões, o setor já tem, até o momento, 47% deste investimento. “E investimentos programados de 53%. Os principais investimentos, em números, estarão no estado de Minas Gerais, com US$ 10 bilhões, que representa 25%, em seguida Bahia e Pará receberão, cada, US$ 7,3 bilhões (18%).”
Os principais investimentos, nos próximos cinco anos, serão em minério de ferro, com US$ 13 bilhões; bauxita e fertilizantes (US$ 6,4 bilhões cada); cobre (US$ 1,7 bilhão); ouro (US$ 1,4 bilhão).
Brumer ressaltou também os investimentos feitos em ações socioambientais, com foco principal na redução de emissões. “São US$ 6 bilhões que deverão ser investidos.”
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria