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Estado de Minas ÁGUA E ENERGIA

Chuvas aliviam crise hídrica brasileira, mas Minas mantém estado de alerta

Operador do Sistema Elétrico apresenta melhora proporcionadas pelos temporais, sobretudo no Sul; no estado, há reservatórios em situação crítica


12/10/2021 18:29 - atualizado 12/10/2021 20:03

Lago de Furnas, na Região de Alfenas, no Sul de MG
Na represa de Furnas, volume útil estava em 14,65% (foto: Gilson Leite/Especial para o EM - 22/9/21)
Em meio à crise hídrica que assola o Brasil, as águas que vêm do céu são esperança de dias melhores. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) descarta racionamento e aponta aumento nos níveis dos reservatórios por causa das chuvas. O Sul tem sido especialmente beneficiado pelas cheias.

Apesar da melhora, o cenário ainda exige cautela. Prova disso são os dados estaduais: mesmo com os temporais do último fim de semana, as grandes represas mineiras não ganharam corpo. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) monitora, sobretudo, os reservatórios de Emborcação, no Rio Paraopeba, e de Nova Ponte, no Rio Araguari. Os dois cursos d'água estão no Triângulo.

Números de ontem (11/10), divulgados pelo ONS, mostram que o volume útil de Emborcação beira os 10%. Em Nova Ponte, está em 10,14%. No Sul de MG, a represa de Furnas, mantida pela empresa homônima no Rio Paraopeba, tem 14,65% de sua capacidade ocupada. Em Mascarenhas de Moraes, no Lago de Peixoto, índice ligeiramente superior: 15,43%.

Na semana passada, durante a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), a representação do operador do sistema, além de refutar a hipótese de desabastecimento, projetou viés de alta na ocupação dos reservatórios em outubro.

Segundo a Cemig, a recuperação dos reservatórios em estado de alerta depende de significativo período chuvoso e, também, da política de despacho energético. O momento crítico é consequência de longo tempo de estiagem.

"Para as pequenas bacias hidrográficas, o reflexo das chuvas tem efeito rápido. Já para as bacias maiores, é necessário um evento mais prolongado e com mais volumes. De maneira geral, o acumulado de chuvas ainda é pequeno para alterar o nível dos grandes reservatórios", informa a estatal.

Raimundo de Paula Batista, sócio-diretor da Enecel Energia, ressalta a importância das chuvas para a melhora da situação nacional, mas prega atenção. "Ainda estamos com reservatórios muito baixos. A situação é realmente crítica. Não resolveu nada. Podemos, sim, sem dúvida nenhuma, ter problemas pela frente", diz ele.

O especialista crê que o Brasil pode, sim, terminar o ano sem intempéries energéticas. "O governo está dizendo, agora, e a ONS está reiterando, que não vai haver corte de carga por falta de energia em alguns horários", explica. "Não tendo energia, há um sistema automático que corta carga de forma aleatória. Mas não há essa programação hoje", pontua.

A cautela, no entanto, é necessária por causa do estresse que problemas hídricos podem gerar ao sistema de transmissão de energia. Raimundo explica que as hidrelétricas são essenciais para acompanhar a carga produzida.

"Como as hidrelétricas estão com reservatórios muito baixos, elas fazem parte de seu papel, mas não conseguem fazer todo ele. Falta água nos reservatórios para que eles possam acompanhar a carga durante todo o dia. Isso, sim, é crise energética e crise hídrica, que faz com que o sistema fique no seu limite. (Com) qualquer falha na transferência de energia, imediatamente, tem corte de energia em parte do sistema".

Ao tratar dos avanços na situação energética brasileira, o ONS aponta boa adesão dos grandes consumidores ao programa de Resposta Voluntária da Demanda (RMV). O mecanismo foi instituído para diminuir o gasto de luz em determinados períodos sob recompensa financeira.

"A situação hidroenergética ainda é sensível à eventual frustração dos recursos considerados nesta avaliação e as medidas excepcionais que vem sendo gradualmente adotadas serão mantidas", pondera a entidade.

Racionamento e política


Por ora, a palavra racionamento vai ficar apenas na memória. Isso porque Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presidente da República em 2001, decidiu impor regime de economia de luz para estancar a crise daquele ano. Vinte anos depois, Raimundo Batista não crê na adoção de medida semelhante por parte de Jair Bolsonaro (sem partido).

"Considerando o momento político em que estamos, o governo tem toda a razão quando fala que não vai ter racionamento. Bolsonaro não vai decretar racionamento. Independentemente de precisar, ou não, Bolsonaro, como a Dilma (Rousseff) não fez, não vai decretar racionamento em uma condição onde há risco de ter problemas de desabastecimento", opina, citando a ex-presidente.

Entre 2014 e 2015, na gestão petista, o Brasil também atravessou problemas. À época, o governo rechaçou criar política pública para equacionar o consumo.

Embora tenha ido a público refutar qualquer possibilidade de racionar energia, Bolsonaro tem clamado ao povo em prol da diminuição do consumo. Por meio de suas lives semanais, ele já sugeriu aos brasileiros que apaguem um "ponto de luz" de suas casas.

A utilização de elevadores também foi desaconselhada pelo presidente, que no mês passado fez outra proposta: "Tomar banho é bom, mas se puder tomar banho frio, é muito mais saudável. Ajude o Brasil".


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