O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, enfatizou nesta terça-feira, 19, que o BC irá continuar a elevar os juros enquanto a inflação continuar alta. "Não há chance de o BC deixar a inflação sair do controle. Continuaremos subindo os juros", afirmou, em participação no JP Morgan Investor Seminar.
A partir da quarta-feira, 20, a diretoria colegiada do BC entra em período de silêncio prévio à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana.
O diretor repetiu que o BC continuará subindo os juros independentemente de qualquer problema fiscal do País. "Já não era fácil falar de dominância fiscal antes, quanto mais hoje. O BC não irá acomodar uma inflação maior para evitar um problema fiscal. Os problemas fiscais não têm que ser resolvidos pelo BC, mas pela geração de resultado primário. Se há maior problema fiscal, e então maior inflação, teremos juros mais altos", acrescentou.
Ele também rechaçou a avaliação de que o Brasil caminharia para uma estagflação em 2022. "Tenho dúvidas sobre o conceito real de estagflação. Fala-se em menor atividade e mais inflação, mas qualquer choque de oferta causa isso. Neste ano temos inflação muito alta, em torno de 9%, e crescimento do PIB também alto, de cerca de 5%. Para 2022, temos um crescimento menor, perto de 1%, segundo o mercado, mas uma inflação também muito menor", argumentou.
Intervenções setoriais
O diretor de Política Econômica do Banco Central avaliou também que tentativas de intervenções em setores da economia reduzem a produtividade, geram má alocação de recursos, reduzem o crescimento da economia e geram mais inflação.
"Do ponto de vista do BC, quando se tentam políticas econômicas estranhas - tentando controlar preços artificialmente ou congelar preços - cria-se problemas que culminam com maior inflação. Podemos colocar medidas de segurar preços ou intervir em setores dentro da cesta de questões fiscais", alertou Kanczuk.
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