O movimento #euqueroaHeinekenaqui, de Pedro Leopoldo, fez uma manifestação na porta da sede da Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta terça-feira (19/10).
O objetivo, segundo o movimento, é conversar com os membros do órgão gerenciado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com o propósito de elucidar dúvidas sobre o embargo da obra.
O grupo também quer mostrar os impactos negativos na região decorrentes do cancelamento da instalação do empreendimento.
O grupo também quer mostrar os impactos negativos na região decorrentes do cancelamento da instalação do empreendimento.
Segundo o organizador do movimento #euqueroaHeinekenaqui, o empresário do setor imobiliário Luiz Tondato, a obra é importante para atrair emprego e renda na cidade.
Ele afirma que cerca de 300 pessoas participaram do ato e uma comissão de 11, entre moradores e políticos, foi recebida pelo gerente da Unidade de Conservação Federal – APA Carste de Lagoa Santa –, Antônio Calazans.
Ele afirma que cerca de 300 pessoas participaram do ato e uma comissão de 11, entre moradores e políticos, foi recebida pelo gerente da Unidade de Conservação Federal – APA Carste de Lagoa Santa –, Antônio Calazans.
Ainda segundo o organizador do evento, a obra já tem autorização para dar continuidade devido a uma liminar, que tem caráter provisório, deferida no dia 6 de outubro pela 12ª Vara Federal Cível e Agrária da Seção Judiciária de Minas Gerais, após mandado de segurança impetrado pela cervejaria.
“Foi uma vitória, mas mais que a liminar, empreendimentos precisam de segurança jurídica”.
“Foi uma vitória, mas mais que a liminar, empreendimentos precisam de segurança jurídica”.
Quando a liminar foi expedida pela Justiça, a cervejaria Heineken afirmou que as obras não seriam retomadas. A ideia é que as obras só recomecem com a concordância de todas as partes interessadas.
“Respeitamos todos os entendimentos referentes ao caso e, apesar da decisão judicial permitir a retomada completa e imediata das atividades, optamos por neste momento manter as obras suspensas. Acreditamos que o diálogo com os órgãos competentes é sempre o melhor caminho e, por isso, manteremos as conversas no sentido de reiterar todo o respaldo técnico necessário para definitiva retomada e construção da cervejaria”, disse a empresa, em nota.
Em busca de respostas
Tondato afirma que o movimento não está questionando questões técnicas avaliadas pelos analistas ambientais do ICMBio, estão em busca de respostas do ICMBio e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) sobre o embargo feito em 10 de setembro, o que tem deixado as pessoas apreensivas devido à demora do que será feito.
“Desejamos que seja favorável a resposta que a Heineken vá para a nossa região. Sabemos que a empresa é séria e se preocupa com a sua imagem. O estudo foi feito, apresentado e sabemos que o impacto da empresa não será na gruta”.
O empresário se refere à Gruta Vermelha, localizada na APA Carste de Lagoa Santa, onde foi encontrado o fóssil humano mais antigo da América – Luzia. O líder do movimento defende que a área está longe de onde poderá ser a fábrica de cerveja.
Perguntado pela reportagem do Estado Minas sobre a instauração feita pelo Ministério Público de um Inquérito Civil Público para apurar os possíveis impactos do empreendimento ao patrimônio cultural, o líder do movimento afirma não conhecer o conteúdo e ressalta a confiança nas licenças prévias e de instalações concedidas pela Semad.
“Em relação ao Ministério Público, a gente não viu a manifestação deles, mas a gente tem que olhar se está correto tanto um órgão quanto o outro, porque é uma área que já tem outros empreendimentos. Não entendemos porque tiveram outros empreendimentos na Apa Carste que foram licenciados e para a cervejaria não foi", alega.
Segundo o laudo de vistoria do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a Semad não apresentou estudos completos e foi requisitada a dar informações detalhadas sobre os estudos espeleológicos apresentados no licenciamento ambiental (LPLI-LO), bem como sobre a preservação das cavidades naturais subterrâneas, para fins de estudos, pesquisas e atividades de ordem técnico-cientifica, étnica, cultural, espeleológica, turístico, recreativo e educativo.
Além disso, o órgão fiscalizador quer saber se o Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) foi requisitado para realizar estudos arqueológicos para obter o licenciamento.
Obra parada, prejuízo para empresários
Presente na manifestação, o empresário Wilson Matoso conta que seus equipamentos como tratores agrícolas, retroescavadeiras e caminhões-pipa, que estavam sendo usados na terraplanagem do terreno, estão parados desde o embargo da obra.
A empresa do morador de Pedro Leopoldo faz parte de um consórcio que prestará serviços na obra.
A empresa do morador de Pedro Leopoldo faz parte de um consórcio que prestará serviços na obra.
“Ao todo, só nessa fase, são 45 equipamentos, a minha empresa colocou nove e 10 funcionários executam os serviços em meus caminhões”.
O empresário acredita que uma empresa como a Heineken em Pedro Leopoldo vai gerar muito emprego e atrair mais investimento para a cidade.
“Eles vão trazer renda e benefícios. Para o nosso município é um ótimo negócio. Os estudos apresentados pela Heineken estão certos. Se a empresa não ficar lá, a cidade vai acabar”, defende.
Reunião com o ICMBio
O organizador do movimento #euqueroaHeinekenaqui, Luiz Tondato, conta que uma reunião estava marcada para acontecer na semana passada, mas foi adiada para hoje. O organizador afirma que preferiu aguardar uma outra visita técnica dos analistas ambientais do ICMBio ao terreno onde a obra foi embargada.
Durante a reunião, um manifesto a favor da liberação das obras de construção da fábrica da Heineken foi entregue aos analistas ambientais do ICMBio. Segundo Tondato, os membros do ICMBio informaram aos presentes que o processo referente ao embargo da construção da fábrica já tramita em Brasília.
Além dos organizadores da manifestação, estiveram presentes o deputado federal Fred Costa (Patriota) e os deputados estaduais, Cleitinho Azevedo (PPS) e Bartô (sem partido).
O ICMBio foi procurado pela reportagem para responder às perguntas, mas foi informado que os membros do órgão não podem conceder entrevista.