Quatro servidores do alto escalão do Ministério da Economia pediram exoneração de seus cargos na tarde desta quinta-feira (21/10) em meio à insatisfação pela proposta do governo de furar o teto de gastos para bancar o chamado Auxílio Brasil, programa que pode substituir o Bolsa Família.
Deixam o governo Bruno Funchal e Gildenora Dantas, secretário especial e secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, respectivamente. Além deles, também pediram demissão Jeferson Bittencourt e Rafael Araújo, que ocupavam os cargos de secretário e secretário-adjunto do Tesouro Nacional.
Os pedidos de demissão ocorrem na esteira da fala de ontem do ministro Paulo Guedes, que afirmou que o financiamento do Auxílio Brasil pode chegar a R$ 30 bilhões acima do teto de gastos. O benefício seria de R$ 400.
A expectativa do governo é que o novo programa possa ajudar a recuperar a popularidade de Bolsonaro para a disputa eleitoral do próximo ano. Atualmente, o presidente aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em nota, o Ministério da Economia afirma que os quatro funcionários pediram demissão "por razões pessoais".
"Os pedidos foram feitos de modo a permitir que haja um processo de transição e de continuidade de todos os compromissos", afirma a pasta.
A perspectiva de que os recursos para o novo auxílio ultrapassem o teto de gastos foi o motivo desse
profundo mau humor dos mercados
.
Aprovado em 2016, o teto de gastos limita o crescimento da despesa do governo de cada ano à variação da inflação do ano anterior. A ideia da regra é limitar o crescimento descontrolado da dívida pública, mas as tentativas do governo de furar a lei têm sido frequentes.
Segundo economistas, o possível descontrole das contas públicas que seria resultado desse gasto fora do teto piora as perspectivas para a inflação futura, o que pode fazer com que o Banco Central tenha que elevar ainda mais os juros para conter a alta de preços.
Com mais inflação e mais juros, as empresas tendem a retrair investimentos, prejudicando o crescimento do PIB e, consequentemente, a geração de empregos.
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