A piora do arcabouço fiscal no Brasil nas últimas semanas desencadeou uma revisão do cenário da XP Investimentos. Em relatório, a corretora informou que elevou a sua previsão de Selic no fim do ciclo de 9,25% para 11,0%.
A XP agora espera dois aumentos de 1,5 ponto porcentual dos juros nas reuniões do Copom de outubro e dezembro, de 1 ponto antes. Assim, os juros chegariam ao fim de 2021 em 9,25%. Para 2022, a corretora estima duas altas da taxa, de 1 ponto e 0,75 ponto, e Selic de 11% no fim do ciclo e no fim do ano que vem.
Com o aumento do risco fiscal, a XP elevou as projeções de dólar no fim de 2021 e 2022 para R$ 5,70, de R$ 5,20 e R$ 5,10, respectivamente. Na esteira da depreciação cambial e da piora das expectativas de inflação, a corretora aumentou também as suas estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 (9,0% para 9,1%) e 2022 (3,9% para 5,2%) - esta última acima do teto da meta do ano que vem, de 5,0%.
"A inflação mais elevada à frente acontece não apenas pela depreciação cambial, mas porque passamos a incorporar um prêmio de desancoragem fiscal nas expectativas de inflação dos agentes", afirma Megale. A XP informou que não mais espera uma convergência da inflação ao centro da meta no horizonte relevante da política monetária e que prevê IPCA de 3,5% em 2023, acima do centro do alvo, de 3,25%.
"Em nossa opinião, estamos observando uma mudança de regime na condução da política fiscal, e não 'apenas' uma piora na margem", escreve Megale. Segundo Megale, as manobras ao teto dos gastos fazem com que o cenário adverso de mudança estrutural no quadro das contas públicas se torne mais provável.
Com a deterioração das condições financeiras, a corretora reduziu também as suas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, de 5,3% para 5,0%, e 2022, de 1,3% para 0,8%. "Em média, esperamos variação praticamente nula do PIB ao longo dos trimestres do ano que vem", diz o relatório.
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