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Estado de Minas Crise

'Antes 'queridinho' do mercado financeiro, Paulo Guedes, agora, perde voz

Com derrotas e implosão de sua equipa, após a manobra da mudança no teto de gastos, ministro Paulo Guedes não convence os investidores


24/10/2021 06:00 - atualizado 24/10/2021 07:44

Níveis de confiança no país têm baixado, diante da crise política que afeta Guedes
Protesto expõe rosto do ministro da Economia, Paulo Guedes, em São Paulo: indústria, comércio e serviços perdem otimismo e consumidor tem pior percepção (foto: Nelson Almeida/AFP - 8/10/21)
Com derrotas seguidas e a implosão de sua equipe no Ministério da Economia, após a manobra da mudança no teto de gastos públicos para liberação ao Palácio do Planalto de cerca de R$ 84 bilhões em ano de eleições, o comandante da pasta, Paulo Guedes, está mantindo no governo, mas sem convencer os investidores de suas pautas liberais. Antes festejado no mercado financeiro, ele agora é percebido como carta fora do baralho. Prova disso está na ladeira abaixo que os índices de confiança da indústria e do comércio estão percorrendo. O consumidor, por sua vez, também demonstra queda de otimismo, cenário de incêndio que o tanto Guedes quanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentam, sem sucesso, apagar.

A Fundação Getulio Vargas (FGV) calcula a confiança dos empresários com base no Índice de Confiança Empresarial, que envolve não só a indústria, como também os setores de serviços, comércio e construção. “Esses índices caíram por conta do cenário político institucional, fragilidade estrutural e piora no cenário econômico”, explica o economista Otto Nogami, professor de economia da escola Insper.

O Índice de Confiança do Comércio (Icom) do Instituto Brasileiro de Economia da (Ibre/FGV) recuou 6,8 pontos em setembro, para 94,1 pontos, menor nível desde maio deste ano (93,7 pontos). Em médias móveis trimestrais, o indicador voltou a cair (0,6 ponto) depois de quatro altas consecutivas.

O economista autônomo Hugo Passos, explica que diante dos grandes desafios do Brasil com a questão fiscal, aumento da inflação, crise hídrica e elevação da taxa de crédito devido à da alta dos juros, são os principais motivos para a queda dos índices de confiança.“Mostra que as expectativas para os próximos meses para o setor não são boas, ainda mais com a Black Friday e as festas de final de ano chegando”, afirma.

No entanto, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrara a geração de mais de 2 milhões de empregos com carteira assinada, frente ao ano passado, e isso gera incremento de renda das famílias. A abertura de vagas deve impulsionar as vendas do comércio tendo como combustível o 13º salário, mesmo com o aumento das despesas domésticas, como observou Hugo Passos.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da indústria de construção apresentou, da mesma forma, intensa queda em setembro, recuando 5 pontos em relação ao apurado em agosto, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Neste mês, o índice ficou em 54,7, a maior queda do índice desde março último. Na apuração geral do indicador, houve tombo da confiança em outro frente a setembro e o mesmo mês do ano passado. O indicador caiu de 61,8 pontos em 2020 para 58 em setembro último e 57,84, agora.

O Icei varia de zero a 100 pontos. Números acima de 50 pontos indicam confiança do setor de indústria e quanto mais altos, maior e mais disseminada é a confiança do empresariado. Quanto mais próximo de zero, menor o otimismo. “Entre agosto e setembro, o índice de condições atuais da economia brasileira recuou de 51,3 pontos para 42,3 pontos. Ao ficar abaixo da linha divisória de 50 pontos, reflete a transição de uma percepção positiva para uma percepção negativa da economia brasileira”, destaca a CNI em sua análise. O índice de expectativas da economia brasileira também apresentou intensa retração, de 8 pontos. Entretanto,  permanece acima da linha divisória de 50 pontos.

Para o economista Otto Nogami, professor de economia do Insper, a importância desses índices reside no fato de que mostram como o empresário industrial está enxergando o futuro. “Por isso, a CNI criou o Icei. Ele é composto pelo Índice de Condições Atuais (avaliação dos empresários sobre o momento) e Índice de Expectativas (o que ele espera do futuro). Esses dois indicadores retratam as condições atuais da economia brasileira, condições atuais da empresa, expectativas sobre a economia brasileira, expectativas sobre a empresa”, explica.

Incertezas

O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, afirma que o Índice de Condições Atuais, que compõe o Icei, caiu 0,7 ponto e ficou em 51,5 pontos, enquanto o Índice de Expectativas permaneceu em 60,9 pontos. “Ambos os componentes do Icei estão acima dos 50 pontos, o que indica que a avaliação das condições atuais é positiva na comparação com os últimos seis meses e que as expectativas para os próximos seis meses são otimistas”, ponderou o economista.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS), do Ibre/FGV, recuou dois pontos em setembro, para 97,3 pontos, interrompendo a sequência de cinco altas consecutivas. Em médias móveis trimestrais, o índice ainda manteve o resultado positivo, avançando 1,2 ponto.

Segundo a economista Catharina Sacerdote, consultora especialista em investimentos, como os índices se baseiam na situação atual. Algumas incertezas relacionados à instabilidade política interna, dados do desemprego, crise energética, e, principalmente, o impacto da inflação interferem nessa percepção de liquidez, e refletem na queda do índice.  Mas, a instituição ressalta que os índices de confiança ainda estão acima dos índices pré-pandemia.

Farol baixo

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela FGV, recuou 6,5 pontos na passagem de agosto para setembro. Com isso, o indicador atingiu 75,3 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos, o menor patamar desde abril deste ano (72,1 pontos). Houve piora tanto na percepção dos consumidores brasileiros sobre as expectativas em relação aos próximos meses quanto em relação à situação atual. O Índice de Situação Atual caiu 1 ponto, para 68,8 pontos. Já o Índice de Expectativas recuou 9,8 pontos, para 81,1 pontos.



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