O mês de outubro registrou um recorde no endividamento das famílias de Belo Horizonte. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), 88,6% da população têm compromissos financeiros em atraso. O percentual é o maior já registrado pela série histórica, iniciada em 2014.
Na capital, o endividamento representa até 50% da renda familiar em 77,5% dos casos. Contudo, atinge mais da metade do orçamento mensal para 21,5% dos entrevistados. Em média, o tempo de comprometimento da renda é pouco superior a seis meses e meio. Entre as famílias com contas pendentes, 66,2% afirmaram que o período de atraso nos pagamentos é maior que 90 dias.
Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Fecomércio MG, com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A análise mostra ainda que o avanço do endividamento foi seguido pela quantidade de famílias inadimplentes, que alcançou o maior patamar no último ano (38,8%). Já o percentual de consumidores que não terão condições de pagar suas dívidas atingiu 16,5%.
“Um dos motivos principais para essa situação é o aumento da inflação, que afeta a aquisição de bens essenciais como alimentos, combustíveis e energia. Assim, as famílias procuram cada vez mais o crédito para seu consumo básico”, explica a economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins.
A redução da renda, causada pela inflação e pelos altos índices de desemprego, agravam o problema do consumidor.
“Embora o mercado de trabalho tenha aquecido nos últimos meses, a maioria das vagas são informais, quase sempre seguidas por remunerações menores. O fim do auxílio emergencial, que neste ano foi menor que o oferecido no ano passado, expôs ainda mais as famílias de baixa renda”, avalia a economista.
Alerta para Black Friday e Natal
A pesquisa apontou, ainda, que as principais modalidades de endividamento:
- cartão de crédito (81,7%)
- carnês (24,7%)
- cheque especial (8,8%)
- financiamento de automóveis (7,8%)
- financiamento de imóveis (6,1%)
“Com a proximidade de datas como a Black Friday e o Natal, é preciso redobrar a atenção para que o uso dessas modalidades não se torne um vilão do consumo e diminua o poder de compra em médio e longo prazos”, ressalta Gabriela.
Foram entrevistadas mil famílias residentes na capital mineira. A margem de erro da pesquisa, realizada nos últimos 10 dias de setembro, é de 3,5%, e o nível de confiança é de 95%.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.