Levantamento realizado pela Acordo Certo — empresa que atua como conexão entre pessoas endividadas e empresas parceiras — constatou que cerca de 80% dos consumidores têm ou já tiveram alterações de humor devido a preocupações relacionadas a dívidas. Os principais sintomas citados pelo entrevistados foram: insônia, relatada por 76% dos entrevistados; crise de ansiedade (74%); baixa produtividade (66%); e discussões no lar (62%).
De acordo com a pesquisa, não conseguir prover o básico para a família, pagar as contas ou ficar com o nome sujo são as principais preocupações dos endividados. Em novembro, o número de brasileiros que possuíam alguma dívida cresceu pelo 11º mês seguido, chegando a 74,6% das famílias, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Segundo os dados mais recentes do Serasa, há 62 milhões de pessoas endividadas no Brasil, responsáveis por dívidas de R$ 208,46 bilhões.
"É comum que as dívidas mexam com a saúde mental das pessoas em diversos aspectos, inclusive quando falamos no medo de não conseguir um trabalho por estar com nome sujo", disse Bruna Alleman, educadora financeira da Acordo Certo. "Mas há saídas, e é possível renegociar dívidas de forma desburocratizada", explicou.
A maioria dos entrevistados relatou estar endividada no cartão de crédito (56%), um dos meios de pagamentos aos quais o brasileiro mais recorre. Segundo a psicóloga Olga Tessari, grande parte das dívidas acontece pelo fato de as pessoas usarem compras como um contraponto a problemas pessoais "Muitas vezes a pessoa já estava ansiosa e usa as compras como uma forma de tentar aliviar essa ansiedade, distrair a mente, ter a alegria de adquirir um produto novo", explicou.
Na lista dos itens que tiram o sono dos endividados também estão renegociação de dívidas (36%), parcelamentos de lojas (30%) e empréstimos (29%). Em relação ao valor das dívidas, 39% dos entrevistados relataram ter compromissos acima de R$ 3 mil. Além disso, quase 60% afirmaram ter dívida há mais de um ano, fato que, segundo Bruna, enfatiza a importância da educação financeira.
Olga Tessari pontua que é importante ter calma na hora de comprar. "Tem que parar, respirar, e pensar se realmente vale a pena fazer aquela compra. Não é simplesmente parar de comprar. É preciso entender as causas da ansiedade, que leva à busca de um momento de prazer na hora das compras, e aprender a lidar com elas." *Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo