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Estado de Minas COMPRAS

Black Friday: chegou o dia, com promessa de desconto médio de 70%

Comércio prevê que as vendas da Black Friday injetem R$ 2,11 bilhões na economia de BH


26/11/2021 04:00 - atualizado 26/11/2021 15:40

No Centro de Belo Horizonte, consumidores já se adiantaram ontem em busca de abatimentos nos preços
No Centro de Belo Horizonte, consumidores já se adiantaram ontem em busca de abatimentos nos preços: expectativa é de vendas 2,46% maiores que as do evento de 2020 (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
“Enfim, sextou!”, comemora o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza. O tom eufórico não reflete a proximidade do fim de semana, mas a chegada da Black Friday, a sexta-feira mais popular do calendário capitalista. Em Belo Horizonte, lojistas prometem descontos em torno de 70%,  nos mais diversos segmentos.

INFOGRÁFICO: Confira dicas importantes e mais informações sobre a Black Friday

Após um longo período de vacas magras  – reflexo da crise do coronavírus –, o comércio da capital demonstra, enfim, um otimismo sem reservas. A expectativa – sobretudo para as próximas 24 horas – é de estabelecimentos cheios, descontos agressivos e grande giro nas caixas registradoras, capaz de impulsionar os negócios para fora do atoleiro em 2022.

Quem for às compras – on-line ou nas lojas físicas – terá a chance de adquirir produtos com abatimentos superiores a 80%, desde que fique atento às fraudes, aos golpes e às artimanhas que garantem barganhas vantajosas e seguras.

Segundo estimativas da CDL/BH, as vendas desta Black Friday devem injetar R$ 2,11 bilhões na economia de BH, alta de 2,46% em relação ao mesmo período do ano passado. Para o presidente Marcelo de Souza, o aumento reflete o avanço da vacinação contra a COVID-19, o pagamento antecipado do 13º salário do funcionalismo público municipal, além da regularização do 13° dos servidores estaduais que, pela primeira vez em cinco anos, receberão em dia. A entidade projeta que a normalização resultará na circulação de R$ 1 bilhão extra no estado ao longo do mês de dezembro.

“Pensando nisso, orientamos os comerciantes da capital a ampliar as liquidações até dia 30, na terça-feira, quando sai a primeira parcela do 13º. Será uma excelente oportunidade para o comércio girar o estoque e fidelizar os clientes. Ao mesmo tempo, os consumidores terão a chance de comprar à vista, com o dinheiro em mãos e, consequentemente, com maior poder de barganha”, pondera o dirigente.

O fator liquidez, contudo, não parece afetar a disposição da clientela para a data. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Locomotiva no último dia 23 mostra que 32% dos brasileiros devem comprar produtos em oferta mesmo que, para isso, precisem fazer dívidas.

Entre os 70% que pretendem consumir, 42% afirmaram estar muito dispostos a comprar nesta edição, enquanto 27% se disseram dispostos. O levantamento ouviu 1.500 pessoas com mais de 18 anos e acesso à internet, de 29 de outubro a 3 de novembro.

Que o diga a manicure Ruth Ribeiro, que se antecipou à sexta de descontos e foi ontem mesmo a uma loja de eletrodomésticos no Centro de Belo Horizonte para comprar uma TV de LED 55 polegadas. “Namoro esta televisão há mais de um ano! Hoje, consegui comprá-la com 40% de desconto, é um sonho! Um sonho que realizei em 24 vezes no cartão de crédito, mas realizei”, conta.

A mesma animação foi percebida entre os clientes da Colcci, loja de roupas situada no shopping Diamond Mall, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Hoje ainda é quinta e o movimento aqui está uma loucura! Não paramos um segundo!”, comenta o gerente Luiz Miguel.

Os dois estabelecimentos compõem os segmentos mais badalados do megavento. De acordo com pesquisa realizada pela CDL/BH, eletroeletrônicos e vestuário serão os elementos mais cobiçados da temporada. Entre os 300 consumidores entrevistados pela entidade,  45,1% demonstraram interesse em comprar eletrodomésticos, enquanto 30,1% se mostraram inclinados a renovar o guarda-roupa. Os cosméticos e perfumes (20,4%), os calçados (16,8%) e os smartphones (15,1%) também apareceram na lista.

Para atrair a freguesia, lojas de todo o estado prepararam um verdadeiro arsenal de artifícios. Dados da Fecomércio apontam que os empresários mineiros planejam descontos superiores a 50%. Conforme o levantamento, os empreendedores também aderiram à oferta de mais variedade de marcas e produtos (25,9%); ao atendimento diferenciado (19,8%); à facilidade no pagamento (18,1%) e à divulgação/propaganda (14,7%).

PELO CELULAR

Contudo, quem deve nadar de braçada mesmo são os e-commerces. Segundo projeções da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o faturamento do setor para a data em 2021 será 25% maior na comparação com 2020. Boa parte das transações vai ocorrer pelo celular, que se tornou o principal canal de compras de 30% da população no último ano, conforme dados da consultoria PwC.

“Todos sabemos que a pandemia provocou grandes alterações de comportamento. Pelo tempo que está demorando, o ambiente associado à pandemia está incentivando mudanças de hábitos que vão impactar o comércio por muito tempo”, afirma Carlos Coutinho, sócio da PwC Brasil. “A epidemia e todo o seu entorno estão criando novos hábitos de consumo e comportamentos da população bem distintos, que podem definir padrões de longo prazo em atitudes de compra”, complementa o líder.

As pesquisas por lojas e descontos começaram há pelo menos três semanas – ao menos no Google. Segundo o gigante de tecnologia, as buscas pelo termo Black Friday esquentou especialmente entre os dias 7 e 13 de novembro. Entre os produtos mais procurados estão: tênis, perfumes, monitor, fraldas, roupas, livros, cadeira gamer, TV Smart, Smart Phone e celular.

Brasileiro se diz inseguro, mas não dispensa compra na web

Apesar da insegurança com ataques cibernéticos, 7 em cada 10 consumidores brasileiros se mostram dispostos a aproveitar as promoções da Black Friday pela internet, mantendo a proporção registrada em 2020. Os números fazem parte de uma pesquisa da Boa Vista, divulgada ontem. Cerca de 57% dos entrevistados disseram que se sentem inseguros em comprar pela web. Três em cada 10 disseram que vão aproveitar as promoções em lojas físicas.

Uma das razões da insegurança, segundo a Boa Vista, está no aumento de pessoas que sofreram com fraudes em compras anteriores – são 37% em 2021, contra 27% em 2020. A principal fraude registrada foi o uso indevido do cartão de crédito por terceiros, com 45% das menções, seguido por golpe em casos de compras em sites falsos, com 26%.

Apesar disso, na comparação de 2020 com 2021, caiu de 22% para 12% o número de consumidores que não costumam fazer compras pela web. No entanto, 71% declararam que se sentem inseguros em fornecer dados pessoais (em 2020 eram 53%), e outros 29% dizem não saber identificar se um site é seguro ou não.

Ainda de acordo com o levantamento, o total de consumidores que tiveram problemas com compras na web no período passou de 49%, em 2020, para 53%, neste ano. Em 33% dos casos os problemas não foram resolvidos. As principais queixas foram de atraso na entrega, apontado por 36% dos entrevistados, produtos não recebidos (29%) e produtos danificados, 8%.

Para 67% dos consumidores que pretendem fazer compras, as oportunidades tendem a ser vantajosas, principalmente no que diz respeito aos preços. Quase metade dos entrevistados (48%) pretende aproveitar as oportunidades de descontos, enquanto 43% têm se planejado ao longo do ano para realizar a compra.

"Em virtude das medidas sanitárias adotadas durante a pandemia, vimos um aumento significativo das compras online. Muita gente que ainda preferia comprar nas lojas físicas se viu mudando de hábito. Com isso vieram os aprendizados e as comodidades de se comprar pela internet, mas também alguns problemas relacionados às compras neste ambiente", afirma Lola de Oliveira, diretora de Marketing e Relacionamento com o Cliente da Boa Vista.

Ela lembra do Censo da Fraude 2021, um estudo da Konduto, empresa especializada em antifraude transacional para e-commerce, meios de pagamentos e contas digitais, recém-adquirida pela Boa Vista, que constatou que esse aumento das compras online foi tanto e legítimo que serviu para equilibrar o número de tentativas de fraude. "O resultado é que, nos seis primeiros meses do ano, o porcentual de fraudes caiu em quase todos os Estados do País", revela Lola de Oliveira.

Com 54% e 52% da preferência, os eletrodomésticos e os eletrônicos, respectivamente, continuam sendo as categorias mais procuradas na Black Friday. Em 2020, ambas registraram preferência de 47% e 44% dos consumidores, respectivamente. 63% dos entrevistados afirmaram que vão comprar produtos que ainda não possuem, 34% buscarão produtos que vão substituir outros já em uso e 3% pretendem adquirir lançamentos.

O parcelado será a opção de 69% dos consumidores para pagamento na Black Friday deste ano, ainda segundo a Boa Vista. Entre eles, 38% utilizarão o cartão de crédito, 25% o cartão de débito e dinheiro e 12% optarão pelo Pix.

AUMENTO DE PREÇOS 

A pesquisa identificou ainda que 33% não farão compras nesta data. A principal razão está na percepção do aumento dos preços com 27% das menções, contra 16% em 2020 e 12% em 2019. O segundo motivo mais citado foi a desvantagem de comprar na data (21%), seguido por contenção de despesas (17%) e priorização de outras contas da casa (14%).

A pesquisa realizada pela Boa Vista foi feita por meio de questionário de autopreenchimento, encaminhado por e-mail, entre outubro e novembro de 2021. Contou com a participação de aproximadamente 600 consumidores de todas as classes sociais e regiões do País, inclusive aqueles que buscaram informações e orientações no site Consumidor Positivo da Boa Vista. A margem de erro é de 3%, para mais ou para menos, e o grau de confiança é de 90%.

ATENÇÃO AO PIX

Lançado em outubro do ano passado, o Pix facilitou as transações financeiras, que agora caem na hora, sem nenhum custo. Os usuários, no entanto, ficam mais sujeitos a golpes de difícil reversão ou ressarcimento. E é preciso ficar atento durante a Black Friday

“Se uma pessoa foi vítima de um crime no qual teve que transferir dinheiro via Pix, o ideal é comunicar o banco da conta de destino logo após a transferência. Embora não exista garantia de reembolso, isso ajuda a identificar as contas usadas pelos criminosos”, orienta Leonardo Carvalho, coordenador do MBA em Gestão de Negócios no Centro Universitário Newton Paiva, Leonardo Carvalho.

Outro cuidado é não autorizar grandes valores da corrente por meio do Pix. “A pessoa deve se cerca de todos os cuidados possíveis pois, embora existam casos de sucesso nos quais a vítima de um golpe processou o banco e teve ganho de causa, a decisão de entrar na Justiça contra a instituição financeira não é garantia de êxito”, orienta o especialista.


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