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Estado de Minas MERCADO DE TRABALHO

Contratação de diaristas cresce quase 30% no Brasil

Foram contratadas 925 mil pessoas a mais de julho a agosto em relação ao mesmo período de 2020


29/11/2021 04:00 - atualizado 29/11/2021 07:20

Serviço doméstico
Marilene Rocha, de 49 anos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
O emprego doméstico sem carteira foi o que mais puxou o índice, ainda timidamente, de redução da taxa de desemprego no Brasil no semestre terminado em agosto (o trimestre nacional é móvel), segundo a Pnad Contínua do IBGE. As ocupações no serviço doméstico sem carteira cresceram 28,7% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, representando 925 mil vagas a mais.

Quanto aos postos de trabalho com carteira, houve crescimento de 40 mil no período, 3% a mais. Frente ao trimestre anterior, o trabalho doméstico aumentou 9,9%, e agora emprega 5,5 milhões no país. Essas taxas de crescimento no trimestre e no ano foram as maiores em toda a série histórica da ocupação dos trabalhadores domésticos. 
 

"Os pedidos de serviço são muitos, as pessoas ainda estão em casa, algumas trabalhando, e não têm tempo ou não dão conta do serviço doméstico"

Marilene Rocha, de 49 anos

 
 
Gustavo Fontes, analista do IBGE e coordenador da Pnad/MG, avalia tratar-se de um momento importante para trabalhadores domésticos sem carteira assinada, uma alta de 9,9% em relação ao segundo trimestre do ano e 21,2% em relação ao ano anterior. Porém o aumento de trabalhadores informais do setor foi de 23,3%.
 
"É preciso levar em conta que não foi só entre domésticos. Parte da população volta ao mercado na informalidade. Quando falamos do mesmo trimestre do ano anterior, até agosto de 2020, foi no início da pandemia, onde mercado de trabalho já estava afetado. Nível de ocupação era muito baixo", aponta o analista.
 
Trabalho em casas
João Lúcio trabalhou em casas na Itália, voltou para o Brasil durante a pandemia e hoje já tem recusado serviço por falta de espaço na agenda (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 
 
Segundo Fontes, se observar o setor econômico doméstico, houve uma aumento significativo em comparação com o trimestre anterior e o mesmo período do ano passado. Mas houve também crescimento no comércio, na construção e na indústria. "Setores como restaurantes, bares e hotéis, muito afetados, apresentaram alta expressiva."
 
João Lúcio da Rocha Pinto, 56 anos, trabalha desde os 15 anos em serviços domésticos, tendo trabalhado, inclusive, em residências na Itália. De volta ao Brasil, durante a pandemia praticamente ficou parado. João trabalha de dia em residências e à noite, nos finais de semana, em um bar.
 
Limpeza
Gislaine trabalha fixo em duas casas, mas conta que vem sendo sondada com frequência e tem passado serviço para outras pessoas (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 
 
"Trabalho de quarta a domingo, na segunda e terças-feiras cuido de minha casa, plantas e criações, mas se pintar serviço eu faço." Ele reconhece de forma positiva a retomada de suas duas atividades. "Trabalho de 8 até 21 horas em faxina, a partir de sexta-feira pego serviço no bar das 16h até quando terminar o movimento. Na Itália, trabalhava por hora, então fazia três a quatro faxinas por dia. No Brasil é diferente, aqui fica-se um dia inteiro em uma única residência." João Pinto disse que após a flexibilização já chegou a recusar trabalho por não ter horário na agenda.
 
A falta de espaço na agenda é também relatada por Marilene Rocha, de 49 anos. "Os pedidos de serviço são muitos, as pessoas ainda estão em casa, algumas trabalhando, e não têm tempo ou não dão conta do serviço doméstico." o perído mais drástico da pandemia foi muito difícil para Marilene, mas ela garante que reocupou a agenda. Trabalha todos os dias, de domingo a domingo. Alguns clientes ela atende duas vezes por semana, outros, a cada 15 dias. Os preços são os mesmos de antes da pandemia. "Cobro R$ 150, levo minha marmita e pago minha passagem. Às vezes, quando o dinheiro da passagem de volta não dá, as colegas ajudam."
 

"Embora tenha havido um crescimento bastante acentuado no período, o número de trabalhadores informais ainda se encontra abaixo do nível pré-pandemia"

Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE

 
 
Maria do Socorro dos Santos, de 48, conta que o ano passado e o primeiro semestre deste ano "não foram fáceis".  Das oito casas que atendia, somente uma permaneceu. Agora estamos retomando, muita gente procurando e não tenho horário mais. O preço continuou o mesmo."
 
Gislaine Perpétuo Silva, 38, trabalha fixo em duas casas, mas conta que vem sendo sondada com frequência. Já dispensei algumas faxinas e indiquei outras pessoas que estavam muito precisadas. Ela diz que os preços subiram um pouco devido à grande procura. "Se for casa, o preço é maior, tem gente que chega a cobrar R$ 200; em apartamento, por volta de R$ 150. O serviço também aumentou, como é o caso de pessoas que não comiam em casa e passaram a usar a cozinha." 
 
"Parte significativa da recuperação da ocupação deve-se ao avanço da informalidade. Em um ano, a população ocupada total expandiu em 8,5 milhões de pessoas, sendo que desse contingente 6 milhões eram trabalhadores informais", explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy. "Embora tenha havido um crescimento bastante acentuado no período, o número de trabalhadores informais ainda se encontra abaixo do nível pré-pandemia e do máximo registrado no trimestre fechado em outubro de 2019, quando tínhamos 38,8 milhões de pessoas na informalidade", acrescenta.

Número de pessoas ocupadas avança


De acordo com a Pnad, o número de pessoas ocupadas (90,2 milhões) avançou 4,%, com mais 3,4 milhões no período. Com isso, o nível de ocupação subiu dois pontos percentuais para 50,9%, o que indica que mais da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país. Em um ano, o contingente de ocupados avançou em 8,5 milhões de pessoas.
 
A ocupação foi impulsionada pelo aumento de 1,1 milhão de trabalhadores (4,2%) com carteira assinada no setor privado (31 milhões). Os postos de trabalho informais também avançaram, com a manutenção da expansão do trabalho por conta própria sem CNPJ e do emprego sem carteira no setor privado. Inclusive, isso fez com que a taxa de informalidade subisse de 40% no trimestre encerrado em maio para 41,1% no trimestre encerrado em agosto, totalizando 37 milhões de pessoas.
O trabalho informal inclui trabalhadores sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores familiares auxiliares.
 
O trabalho por conta própria manteve a trajetória de crescimento e atingiu, novamente, o patamar recorde de 25,4 milhões de pessoas, um aumento de 4,3%, com mais 1 milhão de pessoas. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o contingente avançou 3,9 milhões, alta de 18,1%.

Renda cai Apesar do crescimento da população ocupada no trimestre até agosto, o rendimento médio real dos trabalhadores recuou 4,3% frente ao trimestre encerrado em maio e reduziu 10,2% em relação ao mesmo trimestre de 2020, ficando em R$ 2.489. Foram as maiores quedas percentuais da série histórica, em ambas as comparações. A massa de rendimento real, que é soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, ficou estável, atingindo R$ 219,2 bilhões.
 
"A queda no rendimento está mostrando que, embora haja um maior número de pessoas ocupadas, nas diversas formas de inserção no mercado e em diversas atividades, essa população ocupada está sendo remunerada com rendimentos menores. A ocupação cresce, mas com rendimento do trabalho em queda", explica Beringuy.
 
Números
 
TRABALHO DOMÉSTICO

Sem carteira


28,7% 
 
4 925 mil vagas a mais entre junho e agosto

Com carteira
 

3%

4 40 mil postos a mais 

4 Total de empregados
5,5 milhões 


 TRABALHO INFORMAL


23,3% 

4 foi o aumento de trabalhadores informais em relação a 2020


 RENDA


4,3%

4 foi o recuo do rendimento médio real dos trabalhadores frente 
ao trimestre encerrado em maio 



10,2% 

4 a menos em relação 
ao mesmo trimestre de 2020, ficando em 
R$ 2.489 
 
 
 


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