Com um investimento em torno de R$ 50 milhões desde 2014, a Vale iniciou a produção de areia para reduzir o descarte de rejeitos na operação de minério em Minas Gerais. O material produzido tem sido destinado para a venda ou doação para uso na construção civil.
Até o momento, 250 mil toneladas de areia já foram produzidas pela empresa em 2021 na Mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo. No ano que vem, a companhia projeta que a quantidade produzida chegue a 1 milhão de toneladas com a inclusão de outras minas no estado, que já passam pelo processo de regularização ambiental e minerária para a fabricação do insumo.
“Queremos fazer com que nossas operações sejam sustentáveis dentro do conceito de economia circular, onde, em vez de dispor esse produto em estruturas geotécnicas, trazemos isso para a economia. Cada tonelada que conseguimos destinar como produto, deixamos de colocar uma tonelada dentro de uma estrutura de barragem, o que traz uma solução ambiental”, afirma o gerente de Novos Negócios da Vale, André Vilhena.
Para que a operação fosse feita, a empresa investiu em pesquisas em parcerias com várias universidades e instituições internacionais. Além da estrutura existente nas minas de minério de ferro, a companhia também conta com a rede ferroviária e rodoviária já desenvolvida para escoamento da areia para mercados em Minas, Espírito Santo, Distrito Federal e São Paulo.
Para Vilhena, o processo desenvolvido pela Vale ajuda a minimizar os impactos na natureza: “Hoje, o consumo de areia no mundo está na faixa de 40 a 50 bilhões de toneladas. É um consumo muito elevado, o segundo maior recurso mais consumido. E grande parte desse consumo é feito de forma predatória e ilegal, nos leitos de rios e lagoas, o que vem causando problemas ambientais. No Brasil, são mais de 300 milhões de toneladas de consumo de areia. Quando trazemos o produto da Vale, conseguimos uma solução para essa extração predatória”.
O gerente-executivo de Licenciamento Ambiental da Vale, Rodrigo Dutra Amaral, afirma que a areia sustentável passou por vários testes de insalubridade: “Nossa areia tem estabilidade química, em função de passar por processo industrial. Do ponto de vista ambiental, ela tem sílica e um teor pequeno de ferro, com coloração mais escura. A areia não apresentou nenhuma reação tóxica nos testes”.
De acordo com Bruno Batista, engenheiro responsável pela operação de areia na Mina Brucutu, a areia sustentável apresentou resultados melhores no uso na construção civil: “Em termos práticos, o produto é o mesmo. A diferença é que nossa areia é retirada de uma fonte sustentável. A areia tem se demonstrado com qualidade melhor do que a areia natural, principalmente pelo controle de qualidade e pela estabilidade de fornecimento. Temos longa tradição nesses processos. A aplicação da areia traz resultados melhores”.
Fábrica em Itabirito
No ano passado, a Vale também inaugurou a Fábrica de Blocos do Pico, em Itabirito, primeira planta piloto de produtos para fabricação de blocos e artefatos para a construção civil, cuja matéria-prima principal é o rejeito da atividade de mineração. Pesquisadores do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) atuam e supervisionam as etapas de produção.
Em outra frente, a empresa vem desenvolvendo tecnologia para aumentar o processamento de seus minérios a seco, ou seja, sem o uso de água. “Temos uma diferenciação de processos nas operações de Minas Gerais e Pará pela qualidade do material. Em Carajás, temos um minério com maior qualidade no momento da extração. Com isso, o processo é mais simplificado e não passa por todas as etapas que temos em Minas. Aqui, as minas são de maioridade e os minérios têm uma qualidade pior que de Carajás. O processo de Carajás não tem a etapa de concentração, por isso dizemos que o processamento é seco”.