A crise afetava os negócios de 96% das micro e pequenas indústrias paulistas no mês de novembro, segundo pesquisa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria no Estado de São Paulo (Simpi), encomendada ao Datafolha. Mais da metade (54%) dos pequenos empresários industriais afirmava que a crise é forte, afeta muito os negócios, e não há previsão de quando a economia voltará a crescer.
Outros 42% dos entrevistados acreditam que a crise está mais fraca e ainda afeta os negócios, mas que a economia deve voltar a crescer nos próximos meses. Apenas 3% dos pequenos industriais paulistas estão satisfeitos com a situação atual dos negócios e veem a economia crescendo novamente.
A coleta de dados para a pesquisa ocorreu de 19 a 30 novembro. Segundo o presidente do Simpi, Joseph Couri, os resultados apontam para mais um período de retração nos negócios, contrariando as expectativas de aumento na demanda por causa das festas de fim de ano.
"Teve uma conjunção de fatores: alta da inflação, perda de poder de compra das pessoas, somado a isso tem a diminuição do consumo, a elevação do custo do dinheiro (alta dos juros). Todos esses fatores relacionados à recessão", justifica Couri.
O empresário ressalta que há um porcentual elevado de micro e pequenas indústrias com dificuldades financeiras. Apenas uma em cada dez indústrias (10%) tinham capital de giro mais do que suficiente para manter os negócios em novembro. Por outro lado, 43% declararam ter capital de giro insuficiente ou muito pouco, enquanto outros 46% tinham exatamente o necessário.
"Chegamos ao final do ano, quando deveríamos ter aumento de produção, mas, infelizmente, os pedidos não vieram", relatou Couri. "Então você pega o dinheiro necessário para passar o mês, metade das empresas tem o que precisa, o resto não tem", acrescentou.
Um dos reflexos das dificuldades financeiras nas companhias é a busca por crédito, mesmo que em modalidades desvantajosas, com taxas de juros muito elevadas. A pesquisa mostra que o porcentual de micro e pequenas indústrias que apelou ao uso de cheque especial como empréstimo subiu de 12% em outubro para 17% em novembro. O empréstimo pessoa física ou jurídica foi a saída encontrada por 11% das companhias no último mês.
"Daquelas empresas que conseguiram sobreviver (à crise sanitária), a maioria esmagadora está mais debilitada agora do que no início da pandemia. O cenário é preocupante", disse Couri.
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