Mesmo que a economia ganhe alguma tração, a recuperação do padrão de vida dos brasileiros será lenta nos próximos anos. O PIB per capita - soma das riquezas produzidas pelo País dividida por seus habitantes - poderá levar, pelo menos, mais sete anos para recuperar o nível de 2013 - ano que antecedeu o início da recessão no governo Dilma Rousseff.
Na projeção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o PIB per capita deve encerrar este ano em R$ 36.661, alta de 3,8% ante 2020. Se o cálculo se confirmar, o indicador ainda estará 1% abaixo do valor registrado em 2019 (R$ 36.969), logo antes da pandemia de covid-19. E também ficará 7,7% abaixo do pico histórico medido em 2013 (R$ 39.685).
Silvia Mattos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV, acredita que o indicador poderá voltar ao nível de 2013 em 2028 - 15 anos depois. Para isso, o PIB precisaria crescer, em média, 2,1% ao ano entre 2023 e 2028. Descontado o aumento da população, isso resultaria numa expansão de 1,5% do PIB per capita ao ano.
O resultado esperado para 2022 já não entra nessa conta. É que, para o Ibre/FGV, o PIB do próximo ano deve crescer 0,7%, o mesmo ritmo do avanço populacional - com estabilidade no PIB per capita. E ainda não é possível descartar um retrocesso, diante do desajuste fiscal, inflação em alta e acentuada instabilidade política.
Se a riqueza gerada não cresce, o quadro se complica ainda mais diante do aumento da desigualdade social dos últimos anos. Dados do IBGE mostram que a desigualdade piorou entre 2018 e 2019. O índice de Gini, medida da desigualdade de renda domiciliar, melhorou em 2020, mas as perspectivas não são animadoras. Mesmo com o auxílio emergencial, um em cada quatro brasileiros vive abaixo da linha da pobreza, o que correspondeu a 51 milhões de pessoas em 2020. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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