A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira, 16, que é improvável que o BC aumente juros em 2022 e que nem tudo que acontecerá no Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) será replicado pelo BCE.
De acordo com ela, a manutenção das taxas é essencial para garantir a estabilização da inflação. Lagarde destacou que o BCE espera que a inflação atinja a meta no médio prazo e que vão se esforçar para que isso aconteça.
"A acomodação monetária ainda é necessária para que a inflação se estabilize em nossa meta de inflação de 2% no médio prazo. Dadas as atuais incertezas, precisamos manter a flexibilidade e a opcionalidade na condução da política monetária", afirmou durante discurso após decisão de política monetária do BCE.
Quanto à decisão desta quinta-feira, Lagarde afirmou que houve divergências em alguns pontos dos programas de compras de ativo. Segundo ela, o Programa Emergencial de Compras de Ativos (PEPP), que deve acabar até março de 2022, pode ser retomado para lidar com a pandemia, mas demanda voto do conselho.
Sobre o cenário atual, a presidente destacou que há incertezas sobre a Ômicron e a quinta onda de casos de covid-19 na Europa. "Alguns países da área do euro reintroduziram medidas de contenção mais rígidas. Isso pode atrasar a recuperação, especialmente em viagens, turismo, hospitalidade e entretenimento", afirmou.
Inflação
A presidente do Banco Central Europeu afirmou também nesta quinta que as previsões da autoridade monetária não apontam para a inflação de volta à meta no horizonte de projeções até 2024 na zona do euro. Os comentários foram feitos em coletiva de imprensa após decisão de juros.
O BCE estabelece como objetivo primário da política monetária uma taxa de "inflação média de 2% no médio prazo". Pelas estimativas do Banco, o índice anual de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro ficará em 2,6% em 2021, 3,2% em 2022, 1,8% em 2023 e 1,8% em 2024.
Lagarde reiterou que as novas previsões são "significativamente mais altas" do que os números da atualização de setembro. Segundo ela, cerca de dois terço da revisão positiva reflete a escalada dos preços de energia, que seriam impulsionados por questões geopolíticas e ambientais. "Os preços da energia aumentaram significativamente e, em alguns setores, há escassez de materiais, equipamentos e mão de obra. Esses fatores estão restringindo a atividade econômica e são um obstáculo para as perspectivas de curto prazo", comentou.
A dirigente ressaltou que os esforços do BCE são para que a inflação se estabilize na média, mas ponderou que não há garantias. Na visão dela, a demanda continua superando a oferta em vários setores, o que contribui para o cenário de aceleração inflacionária.
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