A prévia da inflação em dezembro registrou aumento do custo de vida. Embora desacelerado, se comparado com novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) continua subindo e teve alta de 0,78% frente a novembro, registrando desaceleração em relação à alta de 1,17% no mês anterior. Com isso, o IPCA-15 fechou 2021 em 10,42%, maior acumulado no ano desde 2015 (10,71%). Em dezembro de 2020, o IPCA-15 foi de 1,06% Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram alta em dezembro. Apenas saúde e cuidados pessoais (-0,73%) e educação (0%) não registraram aumento no mês. O vilão do mês de dezembro, com maior impacto (0,50p.p.) e a maior variação (2,31%), veio mais uma vez dos transportes, que encerraram o ano com alta acumulada de 21,35%.
O resultado do grupo transportes (2,31%) foi influenciado principalmente pela alta nos preços dos combustíveis (3,40%) e, em particular, da gasolina (3,28%), que contribuiu com o maior impacto individual (0,21p.p.) no índice do mês. Além disso, os preços do etanol (4,54%) e do óleo diesel (2,22%) também subiram, embora as variações tenham sido menores que as do mês anterior (7,08% e 8,23%, respectivamente).
No grupo Habitação (0,90%), a maior contribuição veio da energia elétrica (0,96%), cujo resultado ficou próximo ao do mês anterior (0,93%). Desde setembro, está em vigor a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100kWh consumidos. Além disso, foram aplicados reajustes tarifários em: Brasília (3,81%), com alta de 11,69%, em vigor desde 22 de outubro; Porto Alegre (3,15%), com aumento de 14,70% em uma das concessionárias, a partir de 22 de novembro; Goiânia (2,63%), com elevação de 16,37%, vigente desde 22 de outubro; e São Paulo (0,27%), com reajuste de 16,44% em uma das concessionárias, a partir de 23 de outubro.
Ainda em Habitação, a variação positiva da taxa de água e esgoto (0,89%) é consequência dos reajustes de 9,86% no Rio de Janeiro (8,09%), em vigor desde 8 de novembro, e de 9,05% em Salvador (4,41%), vigente desde 29 de novembro. O gás encanado (2,58%) também subiu, decorrente dos reajustes de 6,90% no Rio de Janeiro (4,06%), aplicado a partir de 1º de novembro, e de 17,64% em São Paulo (2,28%), a partir de 10 de dezembro. Por fim, cabe ressaltar o resultado do gás de botijão (0,51%), cujos preços subiram pelo 19º mês consecutivo, acumulando, em 2021, alta de 38,07%.
A alta de 0,35% em Alimentação e bebidas se deve principalmente à alimentação no domicílio (0,46%). A maior contribuição individual veio do café moído (9,10%), que acelerou em relação a novembro (4,91%). Além disso, os preços das frutas (4,10%) e das carnes (0,90%) subiram em dezembro, após os recuos do mês anterior (de -1,92% e -1,15%, respectivamente). Ressalta-se, ainda, a alta da cebola (19,40%), que já havia subido 7% em novembro. No lado das quedas, os destaques foram o tomate (-11,23%), o leite longa vida (-3,75%) e o arroz (-2,46%).
A alimentação fora de casa, por sua vez, variou 0,08%. Por um lado, houve alta de 1,62% no subitem refeição. Por outro, recuo de 3,47% nos preços do subitem lanche, que contribuiu com o segundo maior impacto negativo (-0,06p.p.) no IPCA-15 de dezembro.
Metodologia
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 13 de novembro a 13 de dezembro de 2021 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de outubro a 12 de novembro de 2021 (base).
O indicador refere-se às famílias com rendimento de até 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, e a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.